Com títulos tão elogiados como
«Sangue e Ouro» e
«O Círculo», que ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza,
Jafar Panahi tornou-se um dos cineastas iranianos mais importantes e reconhecidos internacionalmente, com uma voz questionante em relação aos costumes e às políticas do seu país.

Em julho de 2009, Panahi foi preso e, embora fosse logo de seguida libertado, o seu passaporte foi apreendido e foi proibido de sair do país. A 1 de março de 2010, Panahi foi preso outra vez, e desta vez o seu encarceramento gerou uma imensa reação de apoio ao cineasta por parte da comunidade internacional ligada ao cinema, que até hoje não parou de crescer. O governo iraniano alegou que aprisionou o realizador por este estar «a fazer um filme contra o regime e sobre os eventos que se sucederam à eleição», um facto que a esposa de Panahi desmentiu.

No final de maio, Panahi foi liberto com uma fiança de 145 mil euros mas em dezembro do mesmo ano o realizador foi preso novamente, com a acusação de «reunir e conspirar com a intenção de cometer crimes contra a segurança nacional do país e propaganda contra a República Islâmica». O cineasta foi condenado a seis anos de prisão e a uma proibição de realizar filmes, escrever argumentos, dar qualquer tipo de entrevistas e sair do país durante 20 anos.

O artista recorreu da sentença estando em prisão domiciliária a aguardar o veredicto do recurso interposto pelo advogado. Entretanto, para contornar a censura, decidiu fazer um filme muito especial, precisamente com o título
«Isto Não é um Filme». Em parceria com outro cineasta iraniano,
Mojtaba Mirtahmasb, Panahi filma-se preso em casa, descreve a fita que pensava fazer e acaba por refletir sobre as limitações à liberdade de expressão e a capacidade da arte em romper as barreiras da censura.

E se Panahi não saiu de casa e do país, o filme saiu, numa pen escondida dentro de um bolo de anos, tendo a sua primeira exibição no último Festival de Cannes.

«Isto Não é um Filme» estreia hoje em Portugal, e a distribuidora aproveitou para lançar também o filme anterior do realizador,
«Offside - Fora de Jogo», de 2006, sobre um grupo de raparigas que adoram futebol e que, num país onde as mulheres estão proibidas de entrar nos estádios, tentam ver por todas as maneiras um jogo decisivo para o apuramento ao Mundial de 2006.

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