"Tenet" é o primeiro grande filme de Hollywood a chegar aos cinemas desde que começou a pandemia e há pessoas nos EUA e também na Europa não vão deixar que as atuais limitações os impeçam de vê-lo o mais depressa possível.

A estreia do "thriller" de espionagem de Christopher Nolan arrancou na quarta-feira (26) em mais de 70 países, mas apenas vai chegar aos EUA a 3 de setembro e "limitado" às cidades onde os cinemas estiverem abertos, o que exclui mercados importantes como Los Angeles, Nova Iorque e Nova Jérsia.

Vão realizar-se ainda pré-estreias em algumas cidades a partir de 31 de agosto e Tyler Tompkins vai viajar de avião de propósito de Los Angeles (Califórnia) até à sua cidade de origem, Austin (Texas), para ver o filme duas vezes a 1 de setembro e regressar logo a seguir.

Este grande fã de Nolan vai atravessar metade do país com mais três pessoas e gastou 220 dólares [186 euros], o que não inclui os extras que se vendem nos cinemas.

"Os meus amigos acham que sou maluco, atravessar o país para o ver, mas queremos mostrar apoio a este filme e faremos o que for preciso para o ver", revelou à reportagem da Variety.

Descrevendo este verão à espera de "Tenet" como uma "montanha russa emocional" por causa dos vários adiamentos da estreia, este fã diz que as pessoas do seu grupo estão "simplesmente felizes que finalmente esteja a acontecer. O Nolan e [o estúdio] Warner Bros. estão a correr um risco enorme neste filme de 200 milhões. Queremos certificar-nos de que o apoiamos em tudo o que for possível".

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Sob anoninato, um assumido "viciado em cinema" com 30 anos também de Los Angeles revelou à Variety que vai tirar férias a 31 de agosto e viajar de avião, mas para mais perto, Salt lake City (Utah).

Graças às milhas áreas acumuladas e outros benefícios, tem esperança que a operação lhe fique apenas por 50 dólares [42,3 euros].

Compara a experiência aos fãs de "Star Wars" que acampam ao pé dos cinemas com dias de antecedência ou os que fazem fila para comprar os novos iPhones: "Sim, é estúpido, mas é algo em que estou interessado".

Chateado por haver quem critique mais as ações de alguns fanáticos de cinema do que "as pessoas que andam a beber, jogar e a tocar em cartas e fichas nos casinos", revelou que ainda existe uma questão de princípio para ver "Tenet": "Este [lançamento] será um referendo sobre se é possível lançar grandes filmes nos cinemas e não quero que estes filmes acabem como o 'Mulan' [lançado no serviço de streaming Disney+]. Se é um filme filmado para o iMAX, estou interessado em vê-lo num ecrã de grande formato".

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Na Europa, o desafio é outro: há fãs que querem ver "Tenet" no gigantesco formato 70mm na única sala IMAX europeia, que fica em Londres (onde Tom Cruise esteve na terça-feira).

Um deles é Lukáš Meinhart, de 29 anos, responsável por um cinema em Praga (República Checa), que garante que a experiência de ver o filme "no maior formato analógico que existe" é "perfeição absoluta".

O plano passava por gastar 300 euros e viajar da Eslováquia com a esposa, que está em Viena, mas agora está ameaçado porque a Grã-Bretanha colocou a Áustria fora da sua lista de países que integram os corredores aéreos, o que forçaria o casal a ficar duas semanas em quarentena.

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Na mesma situação está Franck Laniel, de 43 anos, após o governo britânico colocar restrições às viagens a partir de França: este cliente frequente da mesma sala IMAX já tinha reservado bilhetes para duas pessoas para 5 de setembro e ainda passes para o comboio Eurostar, tudo no valor de 179 euros.

"É inacreditável. Estou arrasado", explicou este diretor de fotografia que se deslocou a Londres para todas as sessões dos filmes de Christopher Nolan no BFI IMAX desde 2012.

Estes fãs  estão agora na expectativa de ter de cancelar tudo ou esperar que as restrições sejam levantadas e "Tenet" ainda esteja em exibição na sua sala preferida.

Mas há uma opinião comum a todos os que a Variety ouviu: por Nolan, o sacrifício vale a pena.

"Ele está a esforçar-se por filmar em IMAX, portanto, no que me diz respeito, se vai ter tanto trabalho, vou tentar e fazer um esforço para ver em IMAX. Se a indústria do cinema não perceber que existe uma diferença entre um filme feito para a TV e um filme feito para o cinema, este negócio vai sofrer os efeitos nos próximos anos", partilha o francês.