A Liberdade é o tema central da 8.ª edição do festival de cinema IndieJúnior, que decorre entre os dias 22 e 28 deste mês, no Porto, com uma programação que se associa às comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
Nesta edição, o festival internacional de cinema infantil e juvenil vai lançar um “debate alargado, dentro e fora das salas, sobre o lugar da democracia, a sua construção e a execução do projeto de Abril no Portugal de hoje”, explicou a organização, em comunicado.
Além deste posicionamento no presente, o IndieJúnior – que vai acontecer em vários espaços da cidade, desde o Batalha à Casa das Artes passando pelo Coliseu, pela Biblioteca Almeida Garrett e pelo Museu de Soares dos Reis - fará uma revisitação dos acontecimentos que envolveram aquela que ficou para a História como a Revolução dos Cravos.
Assim, no que ao cinema diz respeito, a organização destaca três sessões de curtas-metragens e uma longa-metragem, nas quais se explora a ideia de liberdade, num sentido amplo.
É o caso do filme “O Casaco Rosa”, de Mónica Santos, uma curta-metragem de animação sobre Rosa Casaco, agente da PIDE que chefiou a brigada responsável pelo assassinato do “general sem medo”, Humberto Delgado, que se candidatou às eleições presidenciais de 1958 durante a ditadura.
“A Noite Saiu à Rua”, de Abi Feijó, animação panorâmica sobre uma aldeia dominada pela tirania, “Balada de um Batráquio”, de Leonor Teles, filme que intervém no espaço real do quotidiano português como forma de fabular sobre um comportamento xenófobo enraizado na cultura portuguesa, são outros exemplos.
O IndieJúnior exibirá também um filme evocativo do 25 de Abril realizado por alunos da Escola Básica 2,3 das Caldas de Taipas, em Guimarães, intitulado “O Cravo e A Liberdade”.
“48”, de Susana Sousa Dias, é a longa-metragem dedicada à liberdade e parte de um núcleo de fotografias de cadastro de prisioneiros políticos da ditadura portuguesa (1926-1974), para mostrar os mecanismos através dos quais um sistema autoritário se tentou autoperpetuar.
No âmbito da parceria entre o festival e o projeto FILMar, será realizada uma sessão especial sobre o tema, composta por três curtas-metragens portuguesas (“Amanhecer Para Além da Ponte”, “Praias de Portugal” e “O Porto e Os Portugueses”) que oferecem um contexto do Portugal marcelista.
As sessões subordinadas à temática da liberdade serão mediadas por convidados que darão contexto aos filmes, acrescenta a organização.
No dia 28, o Batalha Centro de Cinema recebe a dupla feminina O Som do Algodão, para o filme-concerto “Sons da Liberdade”, que junta histórias e música, corpo e palavra.
Neste espetáculo, a exploração sonora e narrativa envolve a projeção de dois filmes: “Pela Primeira Vez”, documentário de Octavio Cortázar, sobre a primeira ida ao cinema de um grupo de camponeses, e “O Evadido”, de Charlie Chaplin.
O programa paralelo de atividades, designado “Cinema e Liberdade”, no Batalha Centro de Cinema, inclui uma Biblioteca Liberdade, com livros infantojuvenis e momentos de leitura, e uma exposição, “AbrirAbril”, que parte do imaginário das crianças quando pensam em liberdade e em opressão.
O IndieJúnior contará também com várias oficinas dirigidas a crianças e às famílias, nomeadamente uma sobre cartazes revolucionários, a partir das ilustrações de João Abel Manta e do filme “A Noite Saiu à Rua”, e uma outra que propõe “um novo olhar sobre o espólio expositivo do Museu Soares dos Reis”.
No dia 26 de janeiro, terá lugar uma conferência que reflete sobre o estado da produção de cinema para infância e juventude, intitulada “50 Anos Depois”.
Fora do contexto da revolução, está programado um filme-debate que explora os conceitos de género e do consentimento, e a secção “O meu primeiro filme” terá como convidado o ‘designer’ e comunicador Wandson Lisboa que selecionou, para esta edição do festival, o filme “Toy Story: Os Rivais”.
Destinado aos mais pequenos, o chamado “Cinema de Colo” incluirá sete sessões com projeções coloridas e uma cenografia especial para bebés, a que se junta uma oficina que trabalha com água, cor, imagens em movimento, som e outros elementos sensoriais.
Para os mais crescidos, o IndieJúnior propõe uma sessão de “Cinema à Mesa”, um encontro entre gastronomia e quatro curtas-metragens.
“Oficinas Familiares de Psicologia” e “A Sinfonia da Biodiversidade” são outras propostas para os mais jovens, que exploram, respetivamente, questões presentes no dia a dia da família com crianças e adolescentes, e a interdependência da vida e o equilíbrio dinâmico dos ecossistemas.
A fechar o festival, terá lugar a já costumeira Matiné Dançante do IndieJúnior, “com direito a DJ ‘set’ da Miss Playmobil e bolas de espelhos”.
O IndieJúnior, que é organizado em parceria com a Câmara Municipal do Porto, vai passar pelo Batalha Centro de Cinema, pela Biblioteca Municipal Almeida Garrett, pela Casa das Artes, pelo Coliseu do Porto, pelo Maus Hábitos e pela Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto.
Comentários