Em 2003,
Filipe Melo, aos 26 anos, concretizou um sonho antigo: fazer um filme de zombies. Pianista de profissão, sem ligações ao mundo do cinema, juntou alguns amigos com o mesmo sonho, aprendeu como pode a fazer um argumento e enviou-o ao Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia (ICAM) - o actual Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) - para o concurso de apoio à produção de curtas-metragens. Para sua surpresa, o projecto foi aprovado e financiado à primeira.
O problema é que o aspirante a cineasta, então na função de produtor, entregou a gestão do seu filme a uma produtora, que recebeu o dinheiro do ICA mas nunca lho fez chegar às mãos. Resultado: Filipe Melo encontrou-se novamente na estaca zero e foi obrigado a financiar o filme sozinho. Com uma produção de guerrilha, tirando dinheiro do próprio bolso, o projecto fez-se, foi pioneiro no género em Portugal, coleccionou prémios e admiradores, e teve uma luxuosa edição em DVD. O filme chamava-se
«I'll See You in My Dreams» e gabava-se, com razão, de ser «o primeiro filme de zombies português».
Já também como realizador, Filipe Melo prosseguiu, sempre a remar contra ventos e marés, com um «making of» altamente criativo de «I'll See you in My Dreams», em formato de falso documentário, e com a muito elogiada série televisiva «Mundo Catita».
Persistente, criativo e altamente empenhado, Filipe Melo é um exemplo de empreendedorismo e de não dependência do estado para a concretização de projectos, cujos resultados tem sempre tido muito mais qualidade que aquela que os seus modestos meios de produção permitiriam supor.
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