Andrew Garfield, protagonista dos dois "O Fantástico Homem-Aranha", estava a filmar "Silence" às ordens de Martin Scorsese em Taiwan e conseguiu evitar a curiosidade pública durante o processo que o levou a ser substituído pela Sony e pela Marvel para o relançamento da saga de Peter Parker e do seu alter-ego.

Durante muito tempo, apenas se ouviram algumas palavras de elogio ao seu substituto, o britânico Tom Holland, de 19 anos.

Assim sendo, o tema inevitavelmente teria que surgir quando o ator falasse com a imprensa, o que aconteceu agora durante a promoção do drama sobre uma crise de reféns "99 Homes", de Ramin Bahrani, que estreia nos EUA a 25 de setembro. E as declarações não podiam ter sido mais surpreendentes.

Numa das entrevistas, o ator admitiu que a dimensão gigantesca dos filmes foi complicada de gerir.

""A pressão de fazer com que resultasse, de agradar a toda a gente... não é possível... acaba-se por não agradar a ninguém ou apenas um pouco a toda a gente. Tipo "Ah, foi bom". [Os filmes são] promovidos em massa, tipo "Queremos que os brancos de 50 anos gostem, os adolescentes gays, os homofóbicos no centro da América, as raparigas de 11 anos. Isso é Coca Cola enlatada."

"Portanto, essa parte foi frustrante", acrescentou, "especialmente para quem estava no projeto a tentar fazê-los com alma, a tentar torná-los únicos, algo que valesse o preço do bilhete. Era sobre autenticidade, ter sabor, mas ao mesmo tempo percebo que as pessoas queiram fazer imenso dinheiro e elas vão gastar gastar muito dinheiro para que a estrutura seja tão grande como foi. Não consigo viver dessa forma; para ser honesto, parece uma prisão, viver dentro dessas expetativas".

Noutra entrevista, o ator partilhou que sente que nunca conseguiu ser totalmente a icónica personagem e que "não poderia salvar esses filmes".

"Era o ator que sou. A pessoa que sou. A lutar para tentar chegar ao nível de algo que tinha colocado tão elevado na minha cabeça. Para lá do que poderia conseguir, do que poderia alcançar. O bom é que isso era o que Peter Parker também estava a fazer. Peter Parker criou este símbolo que nunca poderia ser. Nunca era suficiente. Ele nunca sentia que era suficiente e eu nunca senti que era suficiente. Nunca senti que era capaz de fazer o suficiente. E não poderia salvar esses filmes... embora não dormisse. E eu queria... não quero dizer que precisava salvar esses filmes, mas não os consegui tornar tão profundos, emotivos e... inspiradores como sonhava. E nunca vou conseguir fazê-lo, com qualquer filme."

Ainda assim, Garfield diz que estava e está à altura do desafio: "Não vou fugir de algo que muitas pessoas vão ver. Que se lixe, que venha, a vida é curta."