
Lendas do cinema como Steven Spielberg e George Lucas juntaram-se em Hollywood no sábado para homenagear Francis Ford Coppola, que recebeu o maior prémio do American Film Institute pela sua ousada carreira.
Coppola, de 86 anos, recebeu o prémio pelo conjunto da obra de Lucas e Spielberg, que homenagearam o seu colega e amigo de longa data.
"Destemido", chamou-lhe Spielberg, acrescentando que "O Padrinho", de 1972, a produção mais famosa de Coppola, era "o melhor filme americano alguma vez feito".
"Quando somos jovens, queremos orgulhar os nossos pais, depois os nossos amigos, depois os nossos colegas e, por fim, os nossos pares. Mas tu, meu caro, és incomparável. Pegaste no que havia antes e redefiniste o cânone do cinema americano", disse.
Lucas, o criador da saga "Star Wars", elogiou-o por ensiná-lo a "não ter medo de saltar de precipícios" e por lutar contra o sistema.
"Nós escrevemos as regras e você seguravas o lápis", notou.

Ao subir ao pódio do Dolby Theatre em Hollywood, perante a sua família e de muitos dos atores cujas carreiras ele lançou ou ajudou a lançar, Coppola disse que sentiu como se estivesse a regressar ao seu antigo bairro.
"Tantos amigos e vizinhos a sorrir para mim", disse o cineasta. "Todos envelheceram, mas de certa forma são os mesmos."
"Aqui, agora, entendo que este lugar que me criou, o meu lar, não era um lugar, mas vocês (...) todos estes rostos belos que me recebem de volta porque sou e serei sempre nada mais do que um de vocês."
Coppola, que conta entre as anedotas de carreira ter atirado os seus cinco Óscares pela janela num acesso de raiva enquanto tentava fazer "Apocalypse Now" (1979), ouviu homenagens emocionantes de Robert De Niro, Al Pacino, Diane Lane, Harrison Ford e Ralph Macchio, entre outros, que agradeceram ao cineasta por ousar e apostar neles.
"Deste uma oportunidade a um bando de zé-ninguéns que poderiam ser alguém", disse Macchio, que entrou em "Os Marginais" (1983) ao lado dos então estreantes Patrick Swayze, Tom Cruise, Matt Dillon, Emilio Estevez e Diane Lane.
"Quando o estúdio queria estrelas, lutavas por atores", disse Dustin Hoffman, que brincou com o cineasta ao dizer que este, apesar de lançar a carreira de tantos jovens atores, só o recrutou para um filme ("Megalópolis"), quando Hoffman tinha 86 anos.
"A espera valeu a pena", continuou.
O independente American Film Institute (AFI) homenageou figuras como John Ford, Alfred Hitchcock, Martin Scorsese, Jack Nicholson e Al Pacino, entre outros, em edições anteriores desde que o prémio de carreira foi instituído em 1973.
No sábado, Pacino juntou-se a De Niro para saudar Coppola, que os dirigiu no segundo filme de saga "O Padrinho" (1974).
Coppola, que enfrentou mil batalhas para fazer o filme, disse à agência France-Presse (AFP) antes da cerimónia que não há arte sem aventura.
"Acho que fazer arte sem correr riscos é como ter filhos sem fazer sexo", disse. "É possível, mas não é a melhor maneira de fazê-lo."
Uma versão editada da homenagem vai ser exibida pelo canal TNT a 18 de junho.
Comentários