Já era do domínio público que Harvey Weinstein quis cortar muitos minutos da animação "A Princesa Mononoke" (1997), mas afinal a história tem outros contornos: o produtor chegou a ameaçar o lendário estúdio de animação Ghibli.
A revelação é uma de muitas da biografia "Sharing a House with the Never-Ending Man: 15 Years at Studio Ghibli", de Steve Alpert, ex-diretor da divisão internacional do estúdio, partilhado em primeira mão pelo Cartoon Brew.
Após uma má experiência com 22 minutos de cortes no primeiro lançamento americano de "Nausicaä do Vale do Vento" (1984), o cineasta Hayao Miyazaki adotou uma famosa cláusula rígida a proibir que as versões internacionais dos filmes do estúdio fossem reeditadas.
Isto não impediu que Harvey Weinstein, o todo poderoso líder da Miramax, já com uma reputação de "Eduardo Mãos de Tesoura" e cujo estúdio tinha os direitos de distribuição de "A Princesa Mononoke", exigisse, depois de ter prometido não o fazer, que o filme fosse cortado da sua duração original de 135 minutos para 90.
Quando Steve Alpert lhe disse que Miyazaki não ia concordar, o produtor ficou enraivecido: "Se não cortar a p**** do filme, nunca mais vai trabalhar nesta p**** de indústria! Está a perceber-me, p****? Nunca".
Anos mais tarde, Miyazaki confirmaria ao The Guardian uma famosa história de bastidores: reagindo à exigência, o produtor Toshio Suzuki enviou a Weinstein uma espada samurai a sério com a mensagem "Nada de cortes" colada à lâmina.
"Fui a Nova Iorque conhecer este homem, este Harvey Weinstein, e fui bombardeado com este ataque agressivo, todas estas exigências de cortes. Derrotei-o", contou a sorrir ao jornal britânico em 2005, muito antes do ex-produtor de Hollywood ser condenado a 23 anos de prisão por vários crimes sexuais.
Comentários