«Zero Dark Thirty» é o título original do filme
«00h30 A Hora Negra», que voltou a colocar o nome de
Kathryn Bigelow no mapa após conquistar o Óscar de Melhor Realização em 2010 por
«Estado de Guerra». O filme é um relato o mais rigoroso possível da operação que levou à morte de Osama bin Laden por uma equipa de Navy SEALs, no Paquistão em 2010.
Jessica Chastain é a protagonista, no papel de uma analista da CIA enviada em 2003 para aquele país, que tenta obstinadamente encontrar o líder da al-Qaeda, seguindo de forma tenaz e ao longo de anos uma pista em que já ninguém parece querer acreditar, e que há de levar à missão final de captura do líder dos talibãs.
O filme arrancou como o claro favorito na temporada de prémios, mas a não nomeação ao Óscar de Bigelow na categoria de Melhor Realização parece ter-lhe limitado as possibilidades de conquistar o prémio mais almejado de todos, a estatueta dourada de Melhor Filme. A polémica em redor do filme pode explicar um pouco as reações viscerais de paixão e ódio que «00h30 A Hora Negra» tem despertado um pouco por todo o lado, nomeadamente nos EUA.
A acusação de que o filme defende as práticas de tortura usadas pelos militares norte-americanos em prisioneiros de guerra é uma das mais recorrentes. Bigelow defende-se com o argumento de que se limitou a mostrar aquilo que está mais que comprovado que existiu. Numa recente carta aberta ao «Los Angeles Times», a realizadora afirma que «seria mais apropriado dirigir essas preocupações àqueles que instituiram e ordenaram estas políticas norte-americanas, em vez de o fazerem a um filme que se limita a colocar a história num ecrã».
No mesmo comunicado, Bigelow assume que, «em relação àquilo em que eu acredito, que já foi objeto de inquéritos, acusações e especulação, acho que o Osama Bin Laden foi encontrado graças a um engenhoso trabalho de detetive», avançando que «a tortura, porém, tal como todos sabemos, foi empregada nos primeiros anos da perseguição» e concluindo que, «a um nível prático e político, parece-me ilógico construir um caso contra a tortura ignorando ou negando o papel que ela teve nas política e práticas anti-terroristas norte-americanas».
A acusação de que Bigelow e o seu argumentista
Mark Boal terão tido acesso não autorizado a documentos confidenciais da CIA para melhor poderem reconstituir os eventos no filme também tem sido recorrente. Apesar dos cineastas o negarem veementemente, o governo norte-americano abriu já em janeiro de 2013 um inquérito para verificar se tal de facto se passou.
Finalmente, «00h30 A Hora Negra» também não se livrou da acusação de estar a beneficiar a administração de Barack Obama numa altura de eleições, o que levou a que a estreia fosse adiada para depois do ato legislativo que haveria de dar a segunda vitória ao estadista democrata.
«00h30 A Hora Negra», já em exibição em Portugal, está nomeado para cinco Óscares: Melhor Filme, Melhor Atriz (Chastain), Melhor Argumento Original (Boal), Melhor Montagem e Melhores Efeitos Sonoros.
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