Maria Barroso Soares, falecida esta terça-feira aos 90 anos, começou por ser atriz ainda na Universidade, na década de 40, tendo depois integrado a emblemática companhia teatral de Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro no Teatro Nacional D. Maria II.
Teve um início fulgurante em 1944 com «Aparências», com encenação da lendária Palmira Bastos, a que se seguiram «Frei Luís de Sousa» (1944), «Antígona» (1946) ou «A Casa de Bernarda Alba» (1948), mas logo a seguir vê-se forçada pelo governo a abandonar os palcos por razões políticas ligadas com a sua oposição ao Estado Novo.
Casou com Mário Soares em 1949 e assume posteriormente a direção do Colégio Moderno, dedicando-se também à atividade política, sendo fundadora do Partido Socialista. Era ainda uma aclamada declamadora de poesia.
Em 1965, regressa para colaborar nas peças que Jacinto Ramos montou no Teatro Villaret e no ano seguinte, fez a estreia no cinema no papel de uma pescadora nortenha, atraída por um «argumento equilibrado» e a qualidade dos diálogos, «dos melhores que o nosso cinema tem tido»: o filme era «Mudar de Vida», de Paulo Rocha, ao lado de Geraldo d’El Rey e Isabel Ruth, e é um dos títulos emblemáticos do dito «Cinema Novo» português.
As aparições seguintes no cinema aconteceram em filmes de Manoel de Oliveira: «Benilde Ou a Virgem Mãe» (75), «Amor de Perdição» (79) e «O Sapato de Cetim» (85).
Entre 1986 e 1996, com a ascensão do seu marido à Presidência da República, ocupou o papel de Primeira-Dama, destacando-se pela intensa atividade solidária, tendo ainda estado à frente da Cruz Vermelha Portuguesa entre 2000 e 2003.
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