A atriz grega Irene Papas, reconhecida pela sua participação em filmes consagrados como "Os Canhões de Navarone" (1961), "Electra" (1962), "Zorba, o Grego" (1964) e "Z - A Orgia do Poder" (1969), faleceu aos 96 anos, anunciou o ministério da Cultura do seu país.
As suas interpretações estabeleceram-na internacionalmente como a "grande dama do teatro grego" e um símbolo helénico da beleza e da cultura mediterrânica.
Irene Papas "personificava a beleza grega no ecrã e nos palcos", afirmou em comunicado a ministra da Cultura, Lina Mendoni.
De acordo com a agência estatal ANA, Irene Papas faleceu na manhã desta quarta-feira.
A causa da morte não foi divulgada, mas o estado de saúde da atriz era frágil há vários anos. O seu último trabalho para cinema ou televisão foi em 2004.
Nascida a 3 de setembro de 1926 com o nome Irene Lelekou, numa aldeia perto de Corinto, mas mudou-se com a família para Atenas aos 7 anos, e aos 15 iniciou a sua carreira como atriz de rádio, cantora e dançarina.
Já na década de 1950 interpretou heroínas gregas, como Antígona no Teatro Nacional Grego e no grande ecrã, que lhe valeram a aclamação da crítica.
Era uma das atrizes gregas mais conhecidas fora do seu país, ao lado de Melina Mercouri, e participou em mais de 70 filmes durante a carreira de seis décadas, que se prolongou com sucesso pelo teatro e até pela música, com colaborações com Vangelis e um álbum a interpretar canções do compositor Mikis Theodorakis.
A fama não a salvou do exílio. Em 1967, teve início uma ditadura militar na Grécia, que a atriz não aceitou, razão por que partiu primeiro para Itália e depois para Nova Iorque, juntamente com outros artistas.
Durante o exílio, tanto em Roma como em Hollywood, prosseguiu com o seu trabalho de atriz e colaborou com realizadores como Franco Zeffirelli, Franco Rossi e Costas Gavras.
No cinema, trabalhou ao lado de estrelas como Gregory Peck, David Niven, Richard Burton, Kirk Douglas, James Cagney, Jon Voigt e Nicolas Cage.
Após a queda da junta militar em 1974, Irene Papas pôde regressar ao seu país, e em 1995 foi condecorada com a insígnia da Ordem da Fénix, que lhe foi atribuída pelo então Presidente da República Helénica, Kostís Stefanópulos
Fez três filmes com o cineasta português Manoel de Oliveira: "Party" (1996), "Inquietude" (1998) e "Um Filme Falado" (2003).
Também interpretou a mãe da cantora Linda de Suza na minissérie "A Mala de Cartão" (1988).
Irene Papas recebeu vários prémios, incluindo o de melhor atriz em 1961 no Festival de Berlim por "Antigoni" e um Leão de Ouro em Veneza em 2009 pela sua carreira.
Casada duas vezes, teve um longo caso mantido em segredo com Marlon Brando, que descreveu 50 anos mais tarde, com a morte do ator, como "a grande paixão da minha vida".
Em 2018, foi anunciado que a atriz sofria de Alzheimer há cinco anos.
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