Roger Michell, o realizador de aclamados filmes como "Notting Hill" e "Manobra Perigosa", morreu na quarta-feira, aos 65 anos.

Pai de quatro filhos, o seu representante confirmou a notícia em comunicado da família ao jornal britânico The Guardian" esta quinta-feira.

Nenhuma causa foi indicada, mas o jornal nota que a "morte aparentemente súbita de Michell, uma pessoa universalmente apreciada, foi recebida com um choque na indústria".

Há três semanas, o realizador falava de um novo documentário enquanto exibia no festival de cinema de Telluride (EUA) o seu último filme, "The Duke", com Jim Broadbent e Helen Mirren, apresentado inicialmente no Festival de Veneza de 2020 com grande aclamação mas cuja estreia nos cinemas foi adiada para o começo de 2022 por causa da pandemia.

Roger Michell em 2019 no Festival de San Sebastián

Nascido na África do Sul, mas educado na Grã-Bretanha, Roger Michell começou a carreira no teatro, como assistente de direção no Royal Court Theatre, em Londres, e foi depois diretor da Royal Shakespeare Company.

O trabalho na adaptação de "Persuasão", de Jane Austen, para um telefilme da BBC em 1995, chamou a atenção do produtor e argumentista Richard Curtis ("Quatro Casamentos e Um Funeral"), que o convidou para realizar "Nothing Hill", a comédia romântica de 1999 com Julia Roberts e Hugh Grant que é incontestavelmente o seu trabalho mais popular.

O sucesso abriu-lhe as portas de Hollywood e o primeiro trabalho foi o muito elogiado drama "Manobra Perigosa" (2002), com Ben Affleck e Samuel L. Jackson, mas posteriormente decidiu por razões pessoais trabalhar principalmente na Grã-Bretanha.

Seguiram-se dois filmes também aclamados com Daniel Craig na fase pré-James Bond, "A Mãe" (2003), uma das várias colaborações que teria com o escritor e dramaturgo Hanif Kureishi, e "O Fardo do Amor" (2004), este último a adaptação de um romance de Ian McEwan.

O realizador chegou a estar em negociações para dirigir o segundo título de Craig na saga, "007 - Quantum of Solace" (2008), mas a insatisfação com o argumento levou-o a abandonar o projeto (o filme é geralmente considerado o mais fraco dos quatro já conhecidos com o ator e um dos piores da saga).

A Mãe (2003)

Após dirigir "Venus" (2006), o derradeiro filme de Peter O´Toole, não teve resultados tão bons com o regresso às comédias românticas num filme de Hollywood, "Manhãs Gloriosas" (2010), com Rachel McAdams, Harrison Ford e Diane Keaton, nem com o drama "Hyde Park em Hudson" (2012), com Bill Murray e Laura Linney, mas regressou à melhor forma com "Fim-de-Semana em Paris" (2013), com Lindsay Duncan e Jim Broadbent, novamente colaborando com Hanif Kureishi.

Os seus filmes mais recentes antes do inédito "The Duke" foram o muito elogiado "My Cousin Rachel" (2017), com Rachel Weisz (esposa de Daniel Craig) e Sam Claflin, e "Blackbird - A Despedida" (2019), com Kate Winslet e Susan Sarandon.