Uma nova vaga de filmes de terror inteligentes e de baixo orçamento está a desafiar os grandes estúdios com uma fórmula que troca o excesso de violência e os sofisticados efeitos especiais por um bom suspense à moda antiga.

"Nem Respires", que estreou essa semana em Portugal, recebeu críticas positivas e está a ser um êxito nos Estados Unidos, mantendo a tradição de outros títulos com orçamento reduzido que renderam muito nas bilheteiras.

Sem a possibilidade de ter as campanhas de promoção dos sucessos cinematográficos do verão, estes filmes conseguem sucesso através do 'boca a boca', ganhando impulso à medida que os críticos destacam a sua recusa a usar os recursos de terror habituais.

'O estilo de terror que prevalece hoje é tudo o que seja inteligente, uma nova versão de uma viagem histórica ou um 'trailer' incrível', disse à AFP Jeff Bock, da empresa de estudos de mercado da indústria cinematográfica Exhibitor Relations.

'Como vimos ultimamente, neste momento os filmes de terror 'inteligentes' estão na moda', salientou, acrescentando que sempre é emocionante que 'um ícone do terror renasça para uma nova perseguição'.

"Vai Seguir-te" (2014), filme inspirado nas obras de mestres da década de 1980 como Wes Craven e John Carpenter, é citado como uma joia desta nova tendência.

O seu realizador, David Robert Mitchell, foi elogiado por criar da melhor forma um enredo que transformou o cliché dos adolescentes ameaçados por uma força sobrenatural maligna numa história original.

Usar o susto

Um dos atores principais, Daniel Zovatto, é também o protagonista do filme de Fede Alvarez "Nem Respires", a segunda longa-metragem do realizador uruguaio após o 'remake' de 2013 do clássico do terror "A Noite dos Mortos-Vivos" (1981), que era de Sam Raimi.

É Raimi que produz, com Alvarez, este novo filme com um orçamento de apenas 10 milhões de dólares e que mostra como um trio de jovens invadem a casa de um eremita cego e terminam numa assustadora luta de vida ou morte.

'Quando apresentámos o filme as pessoas não faziam uma ideia do que se tratava. Não fizemos 'trailer', não fizemos nada', contou Zovatto, um costarriquenho de 25 anos (à esquerda na foto).

O que o torna diferente é recorrer muito pouco ao susto gratuito, elemento básico nos filmes adolescente de terror.

Zovatto, que aparece ao lado do veterano dos palcos e do grande ecrã Stephen Lang, o relativamente desconhecido Dylan Minnette ("Goosebumps: Arrepios) e a estrela de "A Noite dos Mortos-Vivos" (nova versão) Jane Levy, disse que crescer a ver filmes de terror, mas que com a passagem dos anos ficou desiludido.

"Há alguns anos, particularmente na minha adolescência, via filmes desse género e ficava devastado porque não tinha a oportunidade de ver algo que gostasse. Sinto que esta nova onda trouxe uma perspectiva diferente ao género e novos realizadores como Fede Alvarez e David Robert Mitchell estão a mudar o panorama".

Não à história mastigada

Álvarez, que conseguiu receitas de quase 100 milhões de dólares com "A Noite dos Mortos-Vivos"", que teve orçamento de 17 milhões, orgulha-se de tentar 'ver o que fazem os outros e ir na direção contrária'.

Após dirigir um novo 'remake' relativamente convencional, este uruguaio de 38 anos quis evitar casas encantadas, motosserras, 'zombies' e todos esses recursos facilmente usados nos filmes de terror.

Após crescer a ver com o seu pai filmes de Alfred Hitchcock - primeiro "Psico" (1960) e depois "A Mulher Que Viveu Duas Vezes" (1958), além de "O Desconhecido do Norte-Expresso" (1951), assim como muitos outros -, Álvarez diz que, para ele, o terror 'nunca foi os sustos e os sobressaltos, mas sempre o suspense'.

'Gosto de muitas coisas e queria trazê-las para este filme: uma era o suspense e a segunda é que as personagens sempre têm uma dúvida moral. Vemos a Janet Leigh a roubar dinheiro em "Psico" ou dois homens a conspirar abertamente para matar uma mulher em "O Desconhecido do Norte-Expresso"... não são os heróis quotidianos de Hollywood'.

Ao contrário de oferecer a história 'mastigada', Álvarez acredita na incorporação de nuances ao caráter das personagens principais, para que os espectadores possam decidir por si mesmos quem merece sobreviver, quem deve receber o dinheiro e como tudo vai acabar.

Trailer "Não Respires".

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