Era um dos homens fortes do humor norte-americano, como ator, argumentista e realizador. Aos 69 anos, rodeado da família e amigos,
Harold Ramis faleceu em Chicago, vítima de complicações resultantes de uma vasculite que combatia há quatro anos.
A imagem mais forte que deixa na memória popular é a de Egon Spengler, o cientista dos óculos de
«Os Caça-Fantasmas» (1984), filme de que foi também co-argumentista, mas o seu percurso começou muito antes, na segunda metade dos anos 60, na universidade, nos jornais e principalmente como membro de um grupo de humoristas de Chicago chamado The Second City, onde conheceu e trabalhou com
John Belushi e
Bill Murray.
Nos anos 70, este trio de futuras estrelas começou a brilhar na rádio, no «The National Lampoon Radio Hour». Já por essa altura, Ramis escrevia e interpretava e, após uma passagem pela televisão, atirou-se ao cinema como argumentista principal da comédia
«A República dos Cucos» (1978), um êxito gigantesco que lançou para a fama Belushi no papel do ultra-destrutivo folião de uma república universitária.
O argumento seguinte chegou logo em 1979, e foi outro êxito que desafiava as fronteiras do bom gosto:
«Almôndegas», protagonizado agora pelo seu amigo Bill Murray e realizado por
Ivan Reitman. A estreia na realização deu-se ao terceiro filme,
«O Clube dos Malandrecos» (1980), uma comédia sobre golfe protagonizada por
Chevy Chase, e outro enorme sucesso.
De seguida, novamente com Murray e às ordens de Reitman, surgiu em 1981 num dos papéis principais de
«O Pelotão Chanfrado», que também co-escreveu, sempre com grande êxito.
Mas o melhor chegou mesmo em 1984, quando Ramis escreveu a comédia sobrenatural
«Os Caça-Fantasmas» em parceria com Dan Aykroyd, que os dois protagonizaram ao lado de Murray. O filme tornou-se um dos maiores êxitos da década de 80, tornou-o uma figura muito popular entre o público e deu origem a
uma sequela com menos sucesso em 1989 e a uma infinidade de produtos derivados, que incluiram séries de televisão e jogos de vídeo.
Depois realizou o muito criticado
«Clube Paraíso» (1986), participou como ator em alguns filmes menores e em 1993 escreveu, realizou e produziu um dos grandes clássicos da comédia cinematográfica,
«O Feitiço do Tempo», com Bill Murray forçado a reviver o mesmo dia vezes sem conta.
Nos anos seguintes, prosseguiu carreira como realizador, com alguns fracassos (
«Os Meus Duplos, a Minha Mulher e Eu», de 1996, ou
«Sedutora Endiabrada» de 2000), e um novo grande sucesso em 1999, com
«Uma Questão de Nervos», de que assinaria em 2002 uma
sequela com menos sucesso. Em 2005, tentou uma mudança de registo com
«Golpe a Frio», um «thriller» com toques de humor negro que acabou por não resultar.
Como ator, foi surgindo de forma recorrente em papéis secundários em fitas como «Airheads» (1994),
«Melhor é Impossível» (1997),
«O Último Beijo» (2006) ou
«Um Azar do Caraças» (2007). Em 2009, voltou a tentar a sorte como argumentista e realizador com aquele que seria o seu último filme, a comédia
«Ano Um», em que também surgia no papel de Adão, mas foi um «flop» de crítica e bilheteira.
Há vários anos que se falava numa eventual terceira parte de «Os Caça-Fantasmas», em que o trio de membros original passaria o testemunho a uma nova geração, projeto que com a saída de cena de Harold Ramis ficará sem efeito.
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