Combateu o cancro durante oito anos e acabaria por falecer na véspera de Natal, a 24 de Dezembro último, aos 78 anos: Harold Pinter foi um verdadeiro colosso das artes dramáticas, autor cerca de 30 peças de teatro, por muitos considerado o mais influente e imitado dramaturgo da sua geração. Nas últimas décadas, intensificou também o seu activismo político, denunciando abertamente a invasão do Iraque pelos EUA quando conquistou o Prémio Nobel da Literatura, em 2005.
Porém, apesar da sua imensa reputação no teatro, é justo não esquecer a importante contribuição que Pinter deu ao cinema, com a escrita de 26 argumentos, entre os quais clássicos como «O Criado» (1963), «O Processo Quiller» (1966), «O Último Magnata» (1971) e «A Amante do Tenente Francês» (1981).
A carreira no cinema de Pinter começou em 1963 com a adaptação ao grande ecrã da sua própria peça «O Encarregado», protagonizado por Alan Bates e Donald Pleasence, a que se seguiu, ainda no mesmo ano, o seu primeiro grande êxito, «O Criado», com Dirk Bogarde no papel principal. O filme marcou o início da sua frutuosa colaboração com o realizador Joseph Losey, para quem escreveria depois os importantes «Acidente» (1967), novamente com Bogarde, e «O Mensageiro» (1970, com Alan Bates.
Durante esse período, escreveu ainda o «thriller» «O Processo Quiller» (1966) para Michael Anderson, e adaptou a sua peça «Festa de Aniversário» para ser dirigida em 1968 por um ainda jovem William Friedkin.
Sempre intensamente envolvido no teatro e na televisão, regressou ao cinema em 1976 para adaptar o romance «O Último Magnata» de F. Scott Fitzgerald, no que seria o último filme realizado por Elia Kazan, com Robert De Niro como protagonista. O sucesso no cinema voltou a bater-lhe à porta em 1981 com o seu argumento de «A Amante do Tenente Francês», baseado no romance de John Fowles e realizado por Karel Reisz, com Meryl Streep e Jeremy Irons a brilharem a grande altura. Por esse filme foi nomeado ao Óscar, tal como pela sua película seguinte, «Anatomia de Um Crime» (1983), de David Hugh Jones.
A partir daí, voltou pontualmente ao grande ecrã, quase sempre adaptando obras de grande prestígio com realizadores de renome: «O Dia das Tartarugas» (1985), baseado no livro de Russell Hoban dirigido por John Irvin; «Reunion», a partir do romance de Fred Uhlman e realizado por Jerry Schatzberg; «A História da Aia» (1990), adaptado do romance Margaret Atwood e dirigido por Volker Schlöndorff; «Estranha Sedução», a partir de Ian McEwan e com Paul Schrader atrás das câmaras; «O Processo» (1993), a partir da obra-prima de Franz Kafka; e, já em 2007, «Autópsia de Um Crime», baseado na peça de Anthony Schaffer e dirigido por Kenneth Branagh.
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