A decisão do Tribunal de Recurso em Paris sobre o processo judicial que opôs Paulo Branco ao realizador Terry Gilliam, por causa do filme “O Homem que Matou Don Quixote” (e não "Dom", como o livro), foi favorável ao produtor português, como disse à Lusa.

“[A decisão] foi favorável, completamente, a cem por cento. Em toda a linha, como se costuma dizer”, disse à Lusa Paulo Branco, sublinhando que "a exploração do filme, a ser feita, só pode ser feita pela Alfama ou pela Leopardo filmes - em Portugal, pela Leopardo, no resto do mundo, pela Alfama Films – e todos os outros contratos são ilegais".

O produtor adiantou que agora irão ser pedidas indemnizações a quem já explorou o filme, e que todos os atos administrativos que possam ter ocorrido com outras entidades, que não sejam a pedido da Alfama ou da Leopardo, têm que ser anulados.

Paulo Branco considerou que este processo resultou num “desastre industrial” e salientou que esta decisão judicial “é definitiva”.

Para o produtor, o que se passou em todo este processo foi “uma situação inadmissível, de falta de respeito, e sobretudo de ilegalidades sobre ilegalidades cometidas contra os direitos, meus e da Alfama e da Leopardo”.

“A partir daqui, cada um que tire as suas consequências. Nós tiraremos as nossas e agiremos conforme”, acrescentou.

A sentença hoje conhecida diz respeito a um processo judicial que opunha o realizador Terry Gilliam ao produtor Paulo Branco, numa disputa legal por causa do filme "O Homem que Matou Don Quixote", envolvendo o produtor português, porque este chegou a assinar contrato para produzir o filme, em 2016, mas o processo saiu gorado.

Terry Gilliam pediu a anulação do contrato de produção com a produtora Alfama Films, de Paulo Branco, e seguiu a produção e rodagem do filme com outros produtores, mas, em 2017, o Tribunal de Grande Instância de Paris declarou que aquele contrato continuava válido.

Adaptação livre do romance de Miguel Cervantes, o filme é um projeto antigo de Terry Gilliam, que remonta a 1989 e cuja produção sofreu sucessivos solavancos e interrupções, com problemas com elenco e com financiamento, sendo descrito pela imprensa especializada como um filme amaldiçoado.

Um dos mais recentes problemas foi precisamente com Paulo Branco, que chegou a ser anunciado como produtor do filme, mas a parceria acabou por não ser concretizada, alegadamente por problemas de financiamento.

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Em maio, o Tribunal de Grande Instância de Paris declarou que o contrato entre ambos continuava válido e posteriormente, Paulo Branco tentou impedir judicialmente, sem sucesso, a estreia como sessão de encerramento no Festival de Cannes.

O produtor português tentou impedir também a estreia comercial em França, mas o mesmo tribunal rejeitou o pedido.

O filme foi rodado em Portugal e em Espanha e conta com interpretações de Jonathan Pryce, Adam Driver, Olga Kurilenko e a atriz portuguesa Joana Ribeiro, entre outros.

A Amazon Studios, que chegou a participar no financiamento, recuou na intenção de fazer a estreia comercial nos Estados Unidos, uma decisão que deverá estar relacionada com a disputa judicial em torno do filme.

Em Portugal, onde a estreia deverá ser assegurada pela NOS, não há ainda data oficial anunciada.