A produtora portuguesa Joana Vicente demitiu-se da presidência executiva do Sundance Institute, no Utah, Estados Unidos, ao fim de dois anos e meio no cargo, anunciou hoje esta organização norte-americana dedicada ao cinema independente.

“Depois de uns inspiradores dois anos e meio, decidi abrir um novo capítulo e terminar o meu papel de CEO no Sundance Institute”, afirmou Joana Vicente num comunicado divulgado por aquele instituto, que revelou que o cargo será ocupado interinamente por Amanda Kelso.

Joana Vicente foi nomeada presidente executiva do Sundance Institute em 2021, depois de ter sido, desde 2018, diretora do Festival Internacional de Cinema de Toronto, no Canadá.

A produtora portuguesa lembra que nos últimos seis anos liderou “duas das mais relevantes organizações culturais dedicadas ao cinema independente na América do Norte” e durante “um dos mais desafiantes momentos” para a indústria cinematográfica, numa referência à pandemia da covid-19.

Algumas publicações especializadas, como a Indiewire e a Hollywood Reporter, lembram que a pandemia abalou o Sundance Institute, não só por ter condicionado a atividade de apoio ao cinema independente e empurrado o festival para edições 'online', mas também pela decisão de despedimento de alguns trabalhadores.

Segundo a organização, Joana Vicente acompanhará a transição de direção até junho.

“Ao longo da minha carreira, tive a sorte de ser apoiada pelo Sundance enquanto produtora e foi um privilégio liderar esta organização extraordinária, mantendo a missão que Robert Redford iniciou há mais de 40 anos”, escreveu Joana Vicente na carta de despedida, publicada pela Hollywood Reporter.

Joana Vicente nasceu em Macau, estudou Filosofia em Lisboa, foi assistente de Maria de Lourdes Pintasilgo no Parlamento Europeu e trabalhou nas Nações Unidas até se decidir pela produção de cinema nos Estados Unidos em parceria com o marido, o produtor Jason Kliot.

Ainda antes de atravessar o Atlântico, Joana Vicente foi assistente de produção de António-Pedro Vasconcelos e Paulo Branco e teve uma breve participação como atriz num filme de Alain Tanner.

Em Nova Iorque, fundou com Jason Kliot a Open City Films e a HDnet Films, empresas com as quais assinaram cerca de quarenta produções cinematográficas independentes para realizadores como Brian De Palma, Alex Gibney, Steven Soderbergh, Hal Hartley, Todd Solondz e Jim Jarmusch.

Joana Vicente, que já foi nomeada pela revista Variety uma das 60 pessoas mais influentes em Nova Iorque, também já foi diretora executiva do Independent Filmmaker Project, a mais antiga e maior organização de cineastas independentes.