"Incomodado" e "um pouco estúpido" são algumas das reações quase 20 anos depois do realizador e argumentista a certas partes de "O Amor Acontece", a comédia romântica de 2003 que se tornou um clássico de natal.
Durante um programa especial para festejar os 20 anos (apesar do filme só ter 19), transmitido na terça-feira à noite nos EUA, Richard Curtis disse estar orgulhoso pela mensagem sobre o amor triunfar em qualquer circunstância ainda ter impacto e tocar as pessoas não apenas durante a temporada festiva, mas todo o ano.
No entanto, a falta de diversidade e partes da história são algumas das coisas que admitiu que gostaria de mudar no filme que acompanha as relações de vários casais de personagens em Londres em contagem decrescente para o natal.
"Há coisas que você mudaria, mas graças a Deus, a sociedade está a mudar. Portanto, o filme está destinado, em alguns momentos, a parecer datado", explicou à Diane Sawyer no especial "The Laughter & Secrets of Love Actually: 20 Years Later".
"Há coisas sobre o filme, a falta de diversidade faz-me sentir incomodado e um pouco estúpido", esclareceu quando a jornalista quis saber no que estava a pensar.
O outro aspeto, acrescentou, tem a ver com existirem três histórias sobre patrões e pessoas que trabalham para eles, o que levanta interrogações sobre as dinâmicas de poder quando a relação profissional se torna íntima: o caso extra-conjugal entre Harry (Alan Rickman) e a sua secretária (Heike Makatsch); o namoro entre o Primeiro-Ministro David (Hugh Grant) e a funcionária Natalie (Martine McCutcheon); e a crescente aproximação entre o escritor Jamie (Colin Firth) e a sua empregada doméstica Aurélia (Lúcia Moniz).
Ainda assim, durante o programa especial, Richard Curtis e os atores Hugh Grant, Emma Thompson, Bill Nighy, Laura Linney, Thomas Brodie-Sangster, Martine McCutcheon e Olivia Olson mostraram-se principalmente satisfeitos por fazerem parte de "O Amor Acontece", surpreendidos e encantados com a sua longevidade e a devoção dos fãs.
"É espantosa a forma como entrou no léxico. Tive pessoas que vieram ter comigo a dizer 'Ajudou-me a passar pela minha... quimioterapia'. Ou 'Ajudou-me a passar pelo meu divórcio'. Ou 'Vejo-o quando me sinto só'. É amado. E é uma coisa maravilhosa de se fazer parte", disse Bill Nighy a Diane Sawyer.
"Acho que, quando se acerta, os filmes podem ajudar a relembrar como as coisas podem ser adoráveis e como existem uma série de coisas que podemos passar ao lado e são, de facto, os melhores momentos das nossas vidas", destacou Richard Curtis.
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