Reda Kateb é o protagonista de “Melodias de Django”, que estreou em Portugal esta semana. Este foi o filme de abertura do último Festival de Berlim, onde o SAPO Mag conversou com o ator sobre temas implícitos do filme – como o racismo, a extrema-direita e a crise dos refugiados.

A escolha para a abertura de um dos festivais mais politizados do mundo não foi gratuita.

Os alemães, mais do que qualquer outro povo europeu, têm noção dos perigos do ultranacionalismo e o filme realizado por Etienne Colmar, não abordando diretamente o tema, relata antes o processo de perseguição aos ciganos ocorrido no contexto da Segunda Guerra Mundial.

O ator francês descendente de argelinos interpreta Django Reinhardt, um dos mais célebres músicos das história do “jazz” francês.

Autor de um estilo único de tocar guitarra, ele foi popular em todas as esferas da sociedade do país, mas a sua posição vai-se tornando insustentável à medida que as forças ultrarreacionárias começam a tomar conta da região onde vive.

Claro que facilmente a conversa avança para um paralelo com o mundo contemporâneo.

“Certamente ‘Melodias de Django’ não é apenas sobre a família ou como sobreviver. Há no meio do filme, por exemplo, uma cena em que uma personagem fala de todos aqueles cadáveres à beira do lago. Para mim, parece-me evidente que aquele lago é uma metáfora para o Mediterrâneo atual. É a vergonha dos nossos tempos”, sustenta Reda Kateb.

Como descendente de argelinos, o ator facilmente se identifica com a questão cigana – especialmente na situação explosiva atualmente em França.

“Acho que não é um problema apenas da França, é algo global. Infelizmente parece que há muitas pessoas hoje em dia a apoiar o discurso de extrema-direita. E obviamente isso assusta-me bastante”, confessa.

E ele acha que o racismo atinge de igual forma ciganos e argelinos?

“Acho que sim, existem muitas similaridades…”, responde, embora não conhecesse muito sobre eles antes do filme: “Fui com o realizador a um ‘casting’ numa comunidade cigana. Fui muito bem recebido e identifico-me com eles. Tal como os argelinos, são um povo muito acolhedor".

O ator, que também teve ancestrais nómadas, conclui: “Os ciganos têm uma poética forma de viver, eles vivem no presente. Também prefiro viver assim”.

Por fim, o que sabia ele de Django Reinhardt e da sua técnica?

“Adorava a sua música, mas gastei um ano a treinar para interpretar a sua forma de tocar guitarra. Passava tanto nisto que, quando rodei dois filmes antes deste, dava por mim a mexer as mãos daquela maneira sem mais nem menos!”.

Trailer.

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