O cineasta franco-polaco Roman Polanski planeia voltar aos Estados Unidos - afirmou o seu advogado, que procura garantias para que não cumpra mais pena de prisão pela violação de uma rapariga de 13 anos.
O premiado realizador de "O Pianista" e "Chinatown", com 83 anos, escapa às autoridades norte-americanas há 40, mas assegura ter alcançado um acordo com a Justiça, que o manteria fora da prisão, explicou o seu advogado, Harland Braun, à agência AFP.
A sua defesa pediu ao juiz de uma instância superior de Los Angeles que torne públicos documentos que confirmariam o acordo, ao qual teria chegado com o promotor do caso, relatou Braun.
Polanski foi acusado de drogar Samantha Gailey antes de violentá-la na casa do amigo Jack Nicholson em 1977, em Los Angeles.
Ele confessou ter tido "relações sexuais ilegais" com uma menor, mas negou a violação como parte do acordo e ficou 42 dias preso numa penitenciária do estado da Califórnia, antes de ser libertado.
O realizador afirma que o juiz Laurence Rittenband negou o acordo em 1978 e disse aos promotores que ele devia cumprir uma pena de 50 anos. O cineasta fugiu para a Europa há quase 40 anos e, desde então, nunca mais voltou.
Passou quase um ano detido na Suíça, em 2009, numa tentativa dos EUA de conseguir sua extradição. Passou dez meses em prisão domiciliar até que Berna rejeitou o pedido.
Depois disso, o governo americano pediu à Polónia que o extraditasse em janeiro de 2015, mas a solicitação foi negada em outubro.
O Supremo Tribunal daquele país rejeitou um apelo em dezembro, declarando que Polanski tinha cumprido a sua pena, segundo o acordo dos anos 70 e que a Justiça polaca já não teria participação nesse caso de 1977.
Braun acredita em que esse testemunho secreto apoia a defesa de Polanski de que havia chegado a um acordo de cumprir apenas 48 dias de prisão. Se for reconhecido pela Justiça polaca, deve convencer as autoridades dos EUA de que o cineasta já cumpriu sua pena.
"Depois de ser confirmado o conteúdo, pediremos à instância que reconheça a decisão polaca que provém do litígio iniciado pelo promotor", ressaltou.
"Se a instância aceitar o princípio de cortesia, Roman Polanski poderá ir a Los Angeles e ao tribunal sem medo de ir para a prisão", acrescentou.
"Lamento apenas que tenha tido de esperar tanto tempo. Finalmente poderei sentir-me seguro no meu próprio país", desabafou.
A morar na França, Polanski evita ir à Polónia. Agora, espera poder visitar o túmulo do pai, na Cracóvia.
Com uma carreira prolífica como cineasta, ganhou oito prémios da Academia e vários distinções internacionais.
No fim de janeiro, Polanski foi convidado a presidir o César, o equivalente aos Óscares na França, mas desistiu depois de vários protestos de grupos feministas.
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