O realizador do filme "Tom of Finland", com estreia comercial a 6 de julho, defendeu em Espinho que essa obra sobre o artista finlandês mundialmente conhecido aborda desafios que ainda hoje se colocam à liberdade sexual.

Dome Karukoski está em Portugal a acompanhar o FEST - Festival Novos Realizadores Novo Cinema e, depois de em 2009 ter vencido nesse certame o Prémio de Melhor Longa-Metragem por "Home of the dark butterflies", volta agora a entrar na competição com a obra sobre o artista gráfico cujo nome real era Touko Laaksonen (1920-1991).

"Dedicámos cinco anos a investigar a vida do Tom of Finland porque, embora ele seja uma referência mundial da arte gráfica e da cultura gay, poucos conhecem verdadeiramente a sua história de vida, que é extremamente interessante e se mantém inspiradora nos tempos que correm", declarou o realizador em entrevista à Lusa.

"O filme é sobre a liberdade de expressão criativa e reflete sobre o que uma pessoa tem que fazer para atingir aquilo que deseja, o que era particularmente difícil nos anos 1950, quando a homossexualidade era ilegal na Finlândia, mas continua a ser difícil ainda hoje, em muitas sociedades do mundo", realçou o cineasta.

Dezenas de familiares, amigos, colegas e estudiosos de Tom of Finland partilharam com Dome Karukoski as suas memórias sobre o artista e é com base nesses depoimentos que o filme conta agora como esse oficial da Segunda Guerra Mundial aprendeu "a esconder-se e a contornar a lei" até se afirmar como um ícone mundial da arte gay - pelos seus desenhos de homens musculados, desinibidos, muitas vezes fardados e em trajes de couro, em atos sexuais explícitos.

"Foi um trabalho muito exigente o de fazer o filme corresponder à memória emocional dessas pessoas", admitiu o realizador.

"Mas fomos muito honestos na nossa abordagem, mostramos no filme tudo o que achámos importante e estou orgulhoso da forma como demos a conhecer a vida do Tom: acho que o retrato é realista e, até pelo que nos têm dito na Fundação Tom of Finland, acredito que ele próprio teria adorado o filme", acrescentou.

Dome Karuskoski lamenta que, pela abordagem da homossexualidade ao longo da narrativa, a obra esteja "proibida nuns 50 países", sobretudo os de expressão árabe, mas também por isso considera que ela representa "o muito que ainda há a fazer na luta pelos diretos e liberdades individuais".

Com um orçamento na ordem dos cinco milhões de euros, uma produção de três anos e rodagens na Finlândia, Suécia, Alemanha, Espanha e Estados Unidos, o filme já venceu o Prémio FIPRESCI do Festival de Cinema de Gotemburgo e tem sido bem recebido pela crítica, com revistas como a Variety a definirem-no como uma obra "atraente, de execução refinada e ávida por entreter".

Dome Karukoski não esconde que está "simplesmente muito feliz" com o resultado final: "Já me dava por contente por sobreviver a todos estes anos de dedicação ao projeto e ter conseguido concluí-lo, mas o facto é que este é meu melhor filme até à data e, mesmo que eu não fosse fã dos desenhos do Tom, seria um fã da sua história de vida".

Lição final a retirar do filme: "Sempre que estivermos com problemas, temos que os sacudir do corpo, como numa discoteca. O Tom of Finland enfrentava todos os seus problemas com música e disco, e, se formos a ver bem, é mesmo assim que a vida deve ser - temos que a levar sempre de maneira a poder saboreá-la".

Trailer.

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