O ator britânico Christian Bale, vencedor do Globo de Ouro pelo filme "Vice", afirmou esta segunda-feira no Festival de Berlim que o vice-presidente de George W. Bush, Dick Cheney, é um personagem muito melhor do que Donald Trump para interpretar no cinema.
"Dick Cheney teve um papel extraordinariamente central durante estas últimas décadas nos Estados Unidos e em situações políticas mundiais", disse Bale, nomeado para o Óscar de Melhor Ator, na conferência de imprensa na Berlinale de "Vice", de Adam McKay, exibido fora de competição.
"Apesar de que poder ter conduzido a esta era, ele é completamente diferente de Trump no sentido de que Cheney sempre foi muito mau na campanha política e não gostava nada disso. Já Trump parece ser a única coisa que ele gosta", disse à imprensa.
"Cheney entendeu o poder do silêncio [...]. Não podemos dizer isso de Trump. Ele gostava de saber que o verdadeiro poder estava nas sombras e de trabalhar desta forma", salientou.
Bale disse ser incapaz de se imaginar fazendo os esforços necessários para encarnar o atual ocupante da Casa Branca porque acha o seu personagem pouco interessante.
"Acho que existem muitas pessoas melhores a interpretar Trump. Provavelmente já viram algumas imitações bem boas dele", recordou.
De acordo com Bale, "em termos de consequências reais das eleições que participou, de poder, entre outras, [Cheney] é muito mais poderoso e aterrorizador que qualquer outro personagem que eu tenha estudado para interpretar", explicou.
"Uma coisa essencial é saber que ficarão obcecados com ele [Cheney] durante pelo menos três meses", garantiu o ator, irreconhecível no filme.
Cheney representa a linha-dura dos neoconservadores americanos e antes de ser vice-presidente entre 2001 e 2009, foi secretário da Defesa de 1989 a 1993, durante a primeira Guerra do Golfo (1991).
Foi criticado pelas suas afirmações sobre a presença de armas de destruição massiça no Iraque e por justificar a tortura, que chamava de "técnicas melhoradas de interrogatório".
Comentários