James Cameron volta a atacar: faz um elogio a um filme que se percebe logo a seguir que é de conveniência porque lhe aponta os defeitos.
Em agosto de 2017, o realizador arranjou polémica ao dizer que gostou de "Mulher-Maravilha" mas era "um passo atrás" e não é um progresso na forma como eram retratadas as personagens femininas nos filmes de Hollywood.
Em abril de 2018, foram os filmes da Marvel: descreveu-os como repetitivos e esperava que as pessoas se começassem a cansar dos super-heróis muito em breve.
"Não é que não goste dos filmes. É só que, vá lá, há outras histórias para contar para além de homens cheios de testosterona sem famílias a fazerem coisas que desafiam a morte durante duas horas e ao mesmo tempo a arrasar cidades", destacou.
Sendo um especialista nos filmes com histórias que passam dentro de água ("O Abismo", "Titanic", "Avatar"), o Yahoo Movies perguntou-lhe o que achou de "Aquaman".
O realizador tenta elogiar o filme de James Wan com Jason Momoa, mas rapidamente transparece o que realmente pensa quando diz que nunca faria algo do género por causa da falta de qualquer noção de realismo.
"Acho que é muito divertido. Penso que é um filme que eu nunca poderia ter feito. Sinceramente. Nunca poderia ter feito esse filme porque requer essa total separação onírica de qualquer sentido de física ou realidade. Existe algures entre o mito grego e o conto de fadas. E as pessoas simplesmente andam ali debaixo de água porque.... impulsionam-se mentalmente? Suponho? Não sei. Mas é 'cool'. Aceita-se nos seus próprios termos", salientou.
"Mas eu passei milhares de horas debaixo de água. Sou muito literal sobre o meu 'debaixo de água' [as cenas dos seus filmes]. Precisa parecer real. E embora possa apreciar esse filme, não me identifico com ele porque não parece real", justifica Cameron que, curiosamente, fez de si próprio como o realizador de um fictício "Aquaman" num episódio em 2006 da série "Entourage".
Sobre o filme, fez ainda outra observação.
"E a propósito, não nos ajuda com os nossos problemas de realmente entender, explorar e preservar o mar — embora eles tenham atirado umas coisas como as baleias e outras do género para nos lembrar que estamos a usar o mar como um depósito de lixo, portanto saúdo o filme por isso. Sim, não o poderia ter feito. Estamos a fazer muitas sequências debaixo de água nas sequelas de 'Avatar' e vão ter uma sensação muito diferente", concluiu.
"Avatar 2" tem estreia anunciada para 18 de dezembro de 2020 e as restantes três sequelas chegam entre 2021 e 2025.
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