Esta semana, no México, uma centena de pessoas reuniram-se para a antestreia do documentário "Hispanoamérica, canto de vida y esperança", que enaltece o trabalho dos conquistadores do novo mundo.

A tese do filme rodado no México, Peru, Equador e Bolívia é simples: Espanha civilizou uma região bárbara através da religião e da música e com o legado de grandeza da arquitetura barroca.

O realizador espanhol José Luis López-Linares "oferece uma visão renovada" da conquista, afirma a promoção do documentário, que se estreia na próxima quinta-feira em 80 cinemas do México.

"É um lixo panfletário, manipulador e racista, que procura distorcer a história", disse à AFP o jornalista cultural José Juan de Ávila, depois de ter sido silenciado pelos gritos do público que aderiu à tese do filme durante a exibição.

O documentário não menciona nenhum aspeto negativo da colonização: indígenas massacrados, mortos pela varíola, convertidos à força ao cristianismo ou reduzidos ao trabalho forçado.

A obra "é construída sobre os fundamentos ideológicos criados na sua época pelo franquismo, isto é, pela apologia desaforada e acrítica do 'trabalho da Espanha nas Américas'", afirmou o historiador espanhol Carlos Martínez Shaw quando o filme se estreou em Espanha em abril, em 59 salas de cinema. O rei Felipe VI assistiu à estreia em Madrid.

O documentário foi apresentado em pleno 12 de outubro, feriado nacional em Espanha, mas dia da "diversidade cultural" em países latino-americanos como México e Colômbia, incluindo dia da "resistência indígena".