Willem Dafoe está em Portugal a convite do Lisbon & Estoril Film Festival e numa conversa curta com jornalistas hoje em Cascais falou da crise, da pirataria, do trabalho no cinema e no teatro e do cinema português. É a segunda vez que o ator está no país, depois de ter interpretado uma peça de teatro em 1998 em Lisboa.
Desta vez a estadia é mais prolongada, com uma agenda que incluiu encontros com o público português - como o que acontece hoje à noite em Lisboa partilhado com o realizador
Abel Ferrara - leitura de poemas e, a um nível mais privado, uma ida aos fados em Lisboa.
Questionado sobre a crise económica e a greve geral realizada na quarta-feira em Portugal e noutros países europeus, Willem Dafoe disse que também sente na pele os efeitos do que se passa na Europa.
«Vivo entre Roma e Nova Iorque, não só sigo [as notícias sobre a crise], como estou nesta crise», disse o ator, reconhecendo que todos os planos de austeridade que estão a ser anunciados na Europa o deixam confuso.
«Nem sempre percebo o que está a acontecer. Sou totalmente egoísta. Sinto mais a crise ao nível do que afeta os meus amigos, o que vejo e o que quero fazer», sublinhou.
São também tempos de mudança na indústria cinematográfica e no modo como os espetadores consomem também cinema, com quebras em receitas de bilheteira e aumento de pirataria.
Willem Dafoe lamenta todos os que descarregam ilegalmente filmes na Internet, porque prejudicam sobretudo os que fazem cinema independente. «Os grandes estúdios de cinema estão mais protegidos, não estão tão vulneráveis», mas é injusto para os pequenos produtores, disse. «Se não há dinheiro para produção, não há filmes, se eles não o tornam rentável, as pessoas não os financiam».
O ator norte-americano reconheceu que não tem muitos conhecimentos sobre cinema português - citou de cor
Manoel de Oliveira e
João César Monteiro -, mas conta com a ajuda da mulher, a realizadora italiana Giada Colagrande para se ir atualizando.
«Ela apresentou-me o cinema português e é uma grande fã e muito mais conhecedora do que eu, mas gostei de tudo o que ela me mostrou», afirmou.
Willem Dafoe não sabe se alguma vez irá trabalhar com o produtor Paulo Branco, diretor do Lisbon & Estoril Film Festival, mas recorda que «o mundo é pequeno e está a ficar mais pequeno».
Para já tem vários filmes em carteira, entre os quais «Nymphomaniac», de
Lars Von Trier, em fase de pós-produção, que estreará em 2013, e «A Most Wanted Man», de
Anton Corbijn, a partir de um romance de John Le Carré, atualmente em rodagem.
O Lisbon & Estoril Film Festival termina no domingo.
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