A HISTÓRIA: Quando terroristas tentam assumir o controle de um voo Berlim-Paris, um jovem co-piloto americano de falinhas mansas luta para salvar a vida dos passageiros e da tripulação, enquanto cria uma ligação surpreendente com um dos sequestradores.

"7500" está disponível na Amazon Prime desde 12 de junho.


Crítica: Daniel Antero

Realizado por Patrick Vollrath, "7500" (o código para sequestro aéreo) é tensão durante 60 minutos e melodrama nos últimos 30, pronto a despoletar todas aquelas nossas dúvidas sobre a real segurança nos aeroportos e os momentos de imaginação fértil, fatalistas, que nos assaltam quando vamos voar.

Quantos de nós já não olhamos para o Duty Free e vimos várias armas artesanais em potência?

Neste caso, para os nossos vilões, muçulmanos demonizados a quem o co-argumentista Senad Halilbasic se esqueceu de dar contexto social e político para justificar os seus horríveis atos, as armas de recurso são facas feitas de vidro partido.

É o suficiente para criar o caos, com ferimentos, reféns e morte, sangrando o corredor do avião, enquanto Tobias (Joseph Gordon-Levitt), irá tentar manter o controlo e aterrar de emergência em Hannover.

Depois de uma abertura sinistra, onde câmaras de vigilância mostram quatro passageiros a fazerem os seus últimos preparativos pelos corredores do aeroporto de Berlim, entramos subtilmente no avião a meio dos procedimentos da tripulação. Com eles, quando a lente do diretor de fotografia Sebastian Thaler entra no cockpit, não voltamos mais a sair.

Patrick Vollrath explora em pleno o confinamento, prendendo-nos em metal e expandindo a ideia de fuga pela visão panorâmica das janelas do avião.

Com câmara solta, o realizador germânico contra-balança o ritmo semi-improvisado dos intervenientes com a porta fechada e os batimentos incessantes, com tanto de fúria como de desespero, vão aumentando os nervos, dos passageiros, dos terroristas e de Tobias.

Mas Joseph Gordon-Levitt é o nosso piloto automático. E com um equilíbrio seguro, de registo estoico, suportado por mantras técnicos de quem tem um avião e vidas nas mãos, protege-nos da turbulência, controlando a sua vulnerabilidade e escondendo os momentos de fúria dos passageiros, mantendo-nos em rota de sobrevivência.

No entanto, no último terço de "7500" e a tensão dá lugar ao melodrama, sentimos o ritmo abrandar. Vedat (Omid Memar), o sequestrador mais jovem, está cético e exasperado, e com a sua introdução e a relação momentânea que cria com Tobias, as motivações dos terroristas perdem-se com truques baratos de guião e jogos de empatia forçados.

Depois de encostarem os espectadores à cadeira, com as unhas cravadas na palma das mãos até conseguirem "aterrar", as virtudes do realizador e do seu diretor de fotografia vão perdendo força, e o filme tem mesmo momentos enfadonhos de distância emocional que gradualmente desatam esse nó no estômago.

"7500" acaba por ser durante uma hora um "série B" enervante galopante rumo às nuvens com mais meia hora de uma qualquer produção "mainstream" formulaica que falha a aterragem.