A HISTÓRIA: Em todas as suas atribuladas viagens no tempo, nunca a dupla formada por Theodore "Ted" Logan (Keanu Reeves) e William "Bill" S. Preston (Alex Winter) teve tanto em jogo. Ainda com o seu destino como estrelas de rock and roll por cumprir, os dois amigos embarcam numa nova aventura quando uma visitante do futuro os avisa que só a música deles poderá salvar o universo tal como o conhecemos. Durante o caminho, vão ter a ajuda das filhas, de um novo conjunto de personagens históricas e de algumas lendas da música, na busca de uma canção que vai endireitar o mundo e trazer harmonia ao universo.
"Bill & Ted Salvam o Universo": nos cinemas a 22 de outubro.
Crítica: Hugo Gomes
Depois de um DeLorean a levar-nos trilho acima por espaços temporais em "Regresso ao Futuro" (1985-1990), viajamos num interior de uma cabine telefónica no descomprometido culto de “Bill & Ted” com Keanu Reeves e Alex Winter.
Apesar do filme original de 1989 e a sequela dois anos mais tarde serem um “fenómeno” que ficou à margem no nosso país, a dupla de "rockers" improváveis e sem alento intelectual regressa num terceiro e, esperemos, derradeiro capítulo desta estranha trilogia.
Marcando 29 anos desde a estreia do segundo e mais hilariante filme (“Bill e Ted no Outro Mundo”), esta revitalização vem responder a uma tendência por vezes bem-sucedida: a recapitalização de velhos e garantidos êxitos ou cultos e a repescagem de personagens ultrapassadas para que assim haja uma passagem de testemunho.
“Bill & Ted Salvam o Universo” é exatamente isso, sem tirar nem pôr, onde os agora envelhecidos aspirantes a músicos e viajantes do tempo (Alex Winter como Bill e Keanu Reeves como Ted) confrontam-se com os seus fracassos e as responsabilidades de uma vida adulta.
"Desviados" dos seus prometidos percursos messiânicos, a dupla volta a ter outra missão com a urgência de salvar o Mundo, através na conceção de uma música que promete "unir toda a Humanidade".
A tarefa é acompanhada por mais “mambo jambos” temporais, com futuros irrisórios e uma nova visita aos infernos para reencontramos aquela que é, provavelmente, a personagem mais carismática de todo este franchise, a Morte "bergmaniana" com vocações de baixista a cargo do também regressado William Sadler.
Aliás, toda esta ressurreição com assinatura de Dean Parisot (já familiarizado com comédias de culto, como se vê pelos vastos, mas discretos, seguidores de “Heróis Fora de Órbita”, de 1999) é um esperado “fan service” e além dessa tarefa, prioriza outros encargos: conquistar novos apreciadores para este universo. Daí a entrada de uma "nova geração" (as filhas dos "rockers") que possa, em caso de êxito, conduzir a saga para novos capítulos.
O problema é que “Bill & Ted Salvam o Universo” não consegue superar as provas de fogo: falta-lhe a obrigatória nostalgia e é incapaz de revitalizar o humor aparentemente debilóide e igualmente gracioso dos filmes anteriores. O resultado é um filme instantaneamente obsoleto e cujo único futuro é o de um predestinado esquecimento.
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