O grupo português Bateu Matou vai participar no arranque da 15.ª edição do Boom Festival, no sábado, com um espetáculo baseado na música tradicional de Idanha-a-Nova e no adufe.

“Este espetáculo só vai acontecer desta vez, visto que foi pensado para esta ocasião. É um espetáculo inaugural, no arranque do Boom Festival, que apresenta aos visitantes a tradição musical desta região que não conhecem. É um dos espetáculos que inaugura a edição deste ano”, explicou Quim Albergaria à agência Lusa.

A banda portuguesa Bateu Matou é formada por Quim Albergaria, Riot e Ivo Costa, três bateristas e compositores conhecidos por combinar tambores e computadores, criando uma sonoridade energética e percussiva, com influências que vão do contemporâneo às raízes africanas.

“Este ano o desafio foi feito para nós. Tendo em conta que somos uma banda assente essencialmente num ritmo de muita percussão, a afinidade foi praticamente imediata”.

Quim Albergaria salientou que o espetáculo que a banda está a preparar é para uma hora, à base de ritmo de música de dança, “com algumas recolhas que encontrámos”.

“É possível que iremos ouvir a Senhora do Almortão [música tradicional de Idanha-a-Nova] por cima de um ritmo africano. É possível que de repente aos adufes de Monsanto se juntem batuqueiras de Cabo Verde. Isto tudo pensado numa narrativa para pôr as pessoas a viajar e a dançar como é apanágio no Boom Festival”, frisou Quim Albergaria.

Há algumas edições a esta parte, a organização do Boom Festival convida artistas, em especial portugueses, a criar um projeto a partir do adufe, um dos instrumentos que simboliza a terra e a tradição da região de Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco, onde o festival está implantado.

À Lusa, a organização explicou que o objetivo é prestar homenagem a essa herança cultural, criando pontes entre o universo musical dos artistas e este símbolo que o Boom Festival faz questão de manter em lugar de destaque.

“A proposta não impõe limites: o adufe pode ser explorado de forma direta ou simbólica, em palco ou através de outros suportes artísticos”.

Para a organização do Boom festival, o essencial é que cada artista, com total liberdade criativa, traga a sua identidade e linguagem para este gesto de ligação à memória e às raízes apresentado ao público, logo no dia de abertura, no palco do Sacred Fire.

Os 40 mil bilhetes postos à venda para o Boom Festival, que se realiza em Idanha-a-Nova entre sábado e o dia 24, vai receber nesta edição pessoas de 169 países.

O evento, que se realiza a cada dois anos na Herdade da Granja vai cumprir a sua 15.ª edição.

O último Boom Festival realizou-se em 2023, com a presença de 1.228 artistas de 29 nacionalidades.

Devido à paragem motivada pela pandemia provocada pela COVID-19, a organização decidiu fazer duas edições consecutivas, em 2022 e 2023, embora o evento continue a ser bienal.

Em 2009, ano em que o Boom Festival se instalou na Herdade da Granja, nas margens da Barragem Marechal Carmona, a organização transferiu também a sua sede para o concelho de Idanha-a-Nova, criando, desde então, a associação IdanhaCulta, que se dedica ao desenvolvimento social, cultural, recreativo e ambiental.

A organização acabou por adquirir esta herdade de 180 hectares em 2017.

O Boom é um festival independente, sem patrocinadores, e reconhece-se como consciente do ponto de vista ambiental, com ações significativas para reduzir o desperdício e as emissões de gases com efeito de estufa.