“Sou mais livre em palco e na forma como canto. Sinto-me mais como uma música, o que sempre quis”, disse a intérprete, em entrevista à agência Lusa, em Nova Iorque.

A cantora, que ajudou a revolucionar a música brasileira nos anos de 1970, na banda os Novos Baianos, de Moraes Moreira e Pepeu Gomes, esteve afastada dos palcos durante 14 anos, período em que se tornou pastora evangélica e fundou uma igreja.

Regressou aos palcos no ano passado, a convite do filho, Pedro Baby, guitarrista que trabalhou, entre outros, com Gal Costa, Marisa Monte, Daniel Jobim ou Bebel Gilberto, e que encheu salas de concerto em todo o Brasil.

O resultado dos espetáculo “Baby Sucessos” vai sair em DVD este verão. “Me surpreendi muito com este regresso. Num concerto, tinha uma mulher de 90 anos e uma criança de nove [entre o público]. Sabia que as novas gerações conheciam a minha pessoa, que fala tudo, tem o cabelo roxo, mas não esperava que as novas gerações conhecessem as músicas. Sabiam as letras todas“, afirma.

No regresso, a cantora interpretou canções da sua carreira a solo e temas dos Novos Baianos, cujo segundo álbum, "Acabou Chorare", a revista “Rolling Stone” considerou o melhor de sempre da música brasileira. “Queria incluir música Gospel, mas meu filho disse que não precisava. Falou: 'Vai p'ra casa e ouve sua música.' Ele estava certo. O Pai [Deus] sempre esteve na minha música, mas de outra maneira. Com a Igreja só encontrei uma maneira de canalizar isso tudo”, explica.

Em 1983, Baby e os colegas da banda foram expulsos da Disneylândia, na Flórida, por causar distração. "Os 'caras' falaram que, segundo as regras, nada podia desviar a atenção das personagens. Disseram que meu cabelo, na altura azul e rosa, e as minhas roupas o estavam fazendo. Acabámos fazendo uma música com isso, 'Barrados na Disneylândia'", conta, com uma gargalhada.

Nos anos de 1990, no único concerto a solo que teve no país, na Califórnia, o "Los Angeles Times" escreveu que Baby "tem o fogo e a fúria de uma Janis Joplin latina."

A cantora acredita que a decisão de ir para os EUA, este ano, como todas as decisões que toma agora, teve a bênção de Deus. “Falei: ‘Papai, se é para ir, me dá um sinal.’ Em poucas semanas, tudo aconteceu. Tivemos primeiro o convite do Brazilian Summerfest e, logo depois, do diretor musical do [clube] Blue Note”, recorda.

Baby diz que estes concertos são uma experiência para uma possível carreira internacional. “Acho que este é o momento para o fazer. O mundo tem os olhos postos no Brasil. Quero mostrar a minha música aqui, gravar um álbum de originais para o mercado internacional”, admite.

Para já, a brasileira não tem concertos agendados em Portugal. “Não tenho nada combinado, mas quero muito ir. Adoro Portugal, Lisboa. Adoro a comida”, diz.

@Lusa