Anne Clark é, desde o início dos anos 80, uma das melhores defensoras do spoken word. O seu primeiro álbum, "The Sitting Room", data de 1982, mas as suas facetas de cantora, compositora e poetisa aí reveladas eram já paixões antigas. E quando se trata de combinar as palavras com texturas electrónicas (facção gótica/dark wave), a britânica não tem tido, desde então, grande concorrência à altura.
Na última fase da digressão Au 2010, onde actua em cidades alemãs, austríacas, belgas e holandesas, apenas Braga e Ílhavo a obrigam a visitar a parte mais ocidental da Europa continental.
Quem passar pelo Theatro Circo, esta sexta-feira, ou pelo Centro Cultural de Ílhavo, no sábado, deverá ter direito a clássicos como "Our Darkness" ou "Sleeper in Metropolis" - até porque "The Very Best of Anne Clark" foi editado recentemente -, embora os concertos dificilmente se esgotem na nostalgia.
O último disco de originais de Clark, "The Smallest Acts of Kindness", mais acústico do que o habitual, pode ter passado a leste das atenções em 2008 - mesmo tendo sido o seu primeiro em mais de uma década - mas pelo menos vai ter espaço no alinhamento destes espectáculos. E como a sua autora não olha para trás sem olhar para a frente, editou há poucos dias "Past & Future Tense", o primeiro de vários EPs com novas remisturas (criadas por músicos escolhidos pela própria). Uma delas está disponível para download gratuito aqui e funciona muito bem enquanto aperitivo para duas noites que, se seguirem o exemplo dos discos, vão conciliar o belo e o arrepiante.
Anne Clark actua a 26 de Novembro no Theatro Circo, em Braga (às 21h30, com bilhetes a 20 euros), e a 27 no Centro Cultural de Ílhavo (às 22h, com bilhetes a 15 euros).
Videoclip de "Full Moon":
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