“Raiz”, constituído por 14 temas, maioritariamente de autoria - letra e música - de Cuca Roseta, é apresentado segunda-feira, às 18:30, nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, “um local simbólico da coragem e força dos portugueses, que faz sentido evocar, numa altura de baixa autoestima e autoconfiança nacionais”, justificou a intérprete.

A fadista afirmou à Lusa que o fado é a sua “paixão”, um género que “não é superficial, é muito profundo, não é para mostrar voz”. “O fado – afirmou – é a voz da alma, exige silêncio para se ouvir porque é reflexivo”. “Estudo muito o fado, vou muito aos antigos, aprofundo o que faço”, disse.

Referindo-se ao facto de assinar a letra e música de dez temas e ainda a música para um poema de Florbela Espanca e duas letras, para quais compuseram André Sardet e Pedro Lima, Cuca Roseta afirmou que o processo “surgiu de forma natural". “As músicas que compus para o primeiro disco tiveram boa aceitação e muitas pessoas pediam-me para compor mais, e comecei por tentar fazer um fado menor, e um a um foram surgindo naturalmente”, disse a intérprete. “Tentei fazer uma marcha, depois escrever uma letra sobre a Amália [Rodrigues], em seguida compor um fado menor, que é o meu preferido, e depois um mais alegre, e foi uma surpresa pois fui criando e foi surgindo”, contou.

No álbum, “queria falar do fado, do que sinto e como me expresso no fado, o que ele representa para mim, que é tudo; queria falar de Lisboa e de Amália, é claro”, disse a fadista.

“Fado do Cansaço” abre o CD, que inclui ainda o “Fado da Essência”, o “Fado do Contra”, “Fado do Abraço”, “Fado Proibido” e o “Fado do Perdão”, entre outros, como a “Marcha da Esperança”, uma homenagem à fadista Amália Rodrigues, falecida em outubro de 1999.

Além de Cuca Roseta, os dois autores escolhidos são o “chef” José Avillez, que Tozé Brito musicou, e Florbela Espanca, poetisa que a fadista considera “imprescindível” nos seus discos e da quem escolheu o “Fado da Vaidade”, que musicou.

“O tema da Florbela é como olhar-me ao espelho, pois é um atrevimento escrever, compor e lançar um álbum, e no poema ela afirma que é a poetisa eleita, aquela que diz tudo e tudo sabe, até que acorda do sonho e nas suas palavras afirma: ‘não sou nada’”, disse a intérprete. “Quanto ao ‘chef’ Avillez, ele escreveu um poema de índole católica, o que me levou a escolhê-lo, e também porque no anterior álbum também encerrei com o fado ‘Avé Maria’, e é algo que faz parte da minha vida”, disse. “Cada um destes temas conta uma história de vida que se passou comigo, e as outras pessoas acabam por se encontrarem também nelas e partilhá-las”, sustentou.

A fadista é acompanhada, no álbum, por cinco guitarristas - Bernardo Couto, Luís Guerreiro, Eurico Machado, José Manuel Neto e Bruno Costa -, por Pedro Pinhal, em viola, e pelo contrabaixista Rodrigo Serrão.

Segunda-feira, nos claustros dos Jerónimos, Cuca Roseta será acompanhada por Bernardo Couto e Luís Guerreiro, na guitarra portuguesa, Bruno Costa, na guitarra de Coimbra, Pedro Pinhal, na viola de fado, e Frederico Gato, no baixo acústico.

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