“Panic Station” – Uma viagem aos anos 70. Com uma guitarra a fazer lembrar David Bowie, um coro cantado em falsete, um baixo cheio de groove a fazer lembrar “Another one bites the dust”, dos Queen, e um conjunto de sopros a lembrar o Stevie Wonder de “Superstition”. “Panic Station” é a soma de muitas partes diferentes mas que resulta num excelente tema. Está previsto que este seja o terceiro single do disco.
“Survival (Prelude)” – Esta é apenas uma faixa instrumental que antecede “Survival”, cuja sinfonia serve como entrada ao prato principal.
“Survival” – Ao contrário do apresentado nos Jogos Olímpicos, este tema parece mais sólido no álbum. Mais uma vez podemos encontrar fragmentos de Queen. No entanto, a canção falha por tentar forçosamente ser um épico: tem um coro em pano de fundo, o solo e a letra de triunfo, mas não resultou totalmente. Embora soe melhor no disco, o primeiro single de “The 2nd Law” safa-se graças ao virtuosismo técnico de todos os elementos da banda.
“Follow Me” – Começa com um sample do bater do coração do filho de Bellamy, Bingham Bellamy, a quem foi dedicado este tema na promessa de que o pai o irá proteger para sempre. A música contou com a colaboração do produtor de dubstep Nero e poderá ser tocada em qualquer discoteca ou festa dedicada ao dubstep, prova de que se os Muse quiserem adoptar este estilo de música a qualidade vai lá estar com certeza. Para os antigos fãs da banda - ou para os mais puristas -, esta é talvez uma faixa que não lhes agradará numa primeira audição.
“Animals” - Aqui Bellamy compara a sociedade moderna com uma animalesca. O baixo e a bateria colam na perfeição. Mais uma vez Matt Bellamy mostra que é um rei a criar riffs e a música acaba numa atmosfera de rebelião.
“Explorers” – Uma balada que apela à resistência, mas ao mesmo tempo clama para sermos libertados deste mundo. É uma daquelas faixas cujo refrão nos persegue o dia todo. Um tema todo ao piano que nos faz recordar “Showbiz”, do primeiro álbum dos Muse.
“Big Freeze” – Esta é definitivamente uma música à Muse. É certo que encontramos coros à Queen, uma guitarra que nos faz lembrar U2, teclados que soam a Pet Shop Boys. No entanto, apesar de todas estas influências encontramos muitas das marcas daquilo que solidificou a carreira da banda: um bom refrão, a voz de Bellamy que toma conta da canção e um excelente trabalho do baterista, Dominic Howard. Uma excelente canção.
“Save Me” – É um dos temas compostos e cantados pelo baixista Christopher Wolstenholme, talvez um dos mais fracos do disco, sem grande dinâmica. Apesar disso, a performance vocal de Wolstenholme é muito agradável.
“Liquid State” – Mais um tema escrito por Wolstenholme. A fazer lembrar o rock dos Foo Fighters, onde Christopher parece a cantar de uma forma mais agressiva. “Save Me” e “Liquid State” falam sobre a sua luta contra o alcoolismo.
“The 2nd Law: Unsustainable” – Um tema inspirado em Skrillex, um dos mais conhecidos produtores de dubstep. Bellamy revelou que esta música foi gravada apenas com instrumentos orgânicos e com uma verdadeira orquestra. Quem já viu o grupo em palco, percebe que é perfeitamente natural o som que a banda aborda nesta faixa, pois o “drop” é muito similar a riffs que os Muse tocam ao vivo. Bellamy terá confessado que este estilo poderá estar presente no futuro do grupo.
“The 2nd Law: Isolated System” – O instrumental que encerra o alinhamento recupera a entropia que serve de mote ao álbum, à medida que camadas de samples vão entrando na faixa. Bellamy compôs mas uma bela peça de piano, que orquestrou com instrumentos de cordas e camadas de sintetizadores.
”The 2nd Law” está longe de ser o melhor álbum dos Muse, mas mostra mais uma vez o enorme talento da banda. É talvez o disco mais vezes viaja por vários estilos, mas sem nunca perder a coesão. Matt Bellamy continua a demonstrar o seu fascínio pelos Queen, o que certamente continuará a dividir opiniões. Pode até não se gostar, numa primeira audição, desta segunda lei dos Muse, mas isso tenderá a mudar à medida que se ouve mais vezes o disco, permitindo que a estranheza dê lugar ao fascínio pelas melodias. Aquilo que se configurava inicialmente num colossal falhanço, transformou-se afinal numa aposta acertada. O experimentalismo dos Muse vem mascarado de boas canções que ficam no ouvido e prometem encher, mais uma vez, arenas em todo mundo.
@Edson Vital
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