"Acho que a minha maior força está na composição. Acho que é isso que faço melhor", confidenciou-nos PJ Harvey ao abordar o seu interesse por várias formas de expressão artística. "Let England Shake", o seu novo disco, foi o motivo desta entrevista durante a passagem da britânica por Lisboa - para dois concertos na Aula Magna -, mas a obra de Polly Jean Harvey não se resume a discos.
A autora de "Rid of Me" (1993) ou "Is This Desire?" (1998) também escreve (poesia e prosa), pinta, desenha e esculpe (aqui seguindo os passos da mãe, escultura), embora tenha mais reservas em partilhar estes trabalhos.
"Espero que um dia venha a ser melhor poetisa e pintora", conta, garantindo que não deixará estas áreas de parte enquanto tiver algo a dizer através delas... mesmo que o guarde só para si.
Uma colaboração na revista de Francis Ford Coppola, "Zoetrope: All-Story", a convite do próprio realizador, foi uma das raras ocasiões em que o trabalho gráfico de PJ Harvey foi mostrado. "Foi uma proposta que não quis recusar", salienta ao recordar a sua experiência como designer convidada no ano passado:
O contacto com outras artes e autores é, de resto, fundamental para a própria criação musical, disse-nos ainda: "Os teus interesses enquanto artista mudam e crescem constantemente, tal como mudas como pessoa. Sempre compus sobre aquilo que me interessava na altura. Por exemplo, na altura em que compus «White Chalk» (2007) estava muito concentrada em literatura russa, em monólogos interiores, no estudo da mente, em como a mente funciona... Li obras de escritores russos como Tolstói ou Dostoiévski, pessoas que mergulharam muito bem na mente humana. Já num álbum como «To Bring You My Love» (1995) estava a ler muitos escritores norte-americanos como Flannery O'Connor, estava a ler a Bíblia, grandes obras sobre questões míticas. Esses discos nasceram desses interesses. Ultimamente, o que me tem interessado mais é o mundo em que vivemos, o aqui e agora. Para mim tem sido quase urgente e vital falar disso, daí ter criado um álbum como «Let England Shake»".
À semelhança do que fez com "Let England Shake", espera-se que,ao contrário do que PJ Harvey tem feito com outro tipo detrabalhos, continue pelo menosa partilhar as suas canções. Até porque, como esse disco comprova, a "força" da sua composição ainda não perdeu fôlego e acutilância.
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