A Escola de Jazz de Leiria (EJL) é uma ideia que estava na gaveta há alguns anos, mas em 2023 vê a luz do dia, assumindo-se, a par do Hot Clube de Portugal, como um dos raros projetos formativos nacionais dedicados em exclusivo ao jazz.

“Quando fiz o plano de estudos, para os vários anos, foi um bocadinho à semelhança do que acontece no Hot Club, que é a única escola dedicada exclusivamente ao jazz”, assumiu à agência Lusa César Cardoso, ele próprio antigo aluno e também professor no ‘Hot’.

Em Leiria, a AJL pretende dedicar-se apenas ao jazz para “tirar mais partido do facto de os alunos estarem exclusivamente, de manhã à noite, a ouvir este tipo de música”.

A oferta letiva é destinada tanto a quem quer simplesmente aprender jazz através do ensino livre como, também, para quem ambiciona ingressar no ensino superior, cumprindo em Leiria uma formação prévia de quatro anos.

A componente letiva terá especial incidência na aprendizagem de repertório, nas técnicas de improvisação, na assimilação da linguagem e no conhecimento da história e tradição deste estilo musical.

Em paralelo, César Cardoso disse acreditar também que a EJL servirá para formar público para o jazz, tanto através dos alunos que não sigam carreira, como disseminando o gosto pelo estilo musical.

O diretor artístico, que é também saxofonista, maestro da Orquestra Jazz de Leiria e investigador - é autor do livro “Teoria do jazz” (2016), recentemente editado também em inglês e espanhol -, considerou que o número de músicos ligados ao jazz “tem crescido mesmo muito em Portugal”, fruto das escolas superiores existentes em Lisboa, Évora ou Porto.

Mas, lamentou, isso não é acompanhado pelo “aumento de festivais e sítios para tocar [jazz], como bares”.

“Pelo contrário, até têm diminuído. Há muita gente para tocar e com muita qualidade”, mas faltam oportunidades.

Com a nova EJL, César Cardoso espera “formar mais músicos”, sobretudo que possam vir a integrar “a Orquestra Jazz de Leiria ou outros projetos deles”.

“Tudo isto leva algum tempo, mas é um processo que temos de desenvolver. Com isto, também vamos criando cada vez mais público, que é algo que uma escola tem a função de criar”, porque “há estudantes que vão passar pela escola, mais novos ou mais velhos, que não vão ser músicos, mas vão ter uma perspetiva diferente da música que vão ouvir”.

As inscrições na EJL decorrem até ao final de setembro, estando o início das aulas previsto para outubro.