Em conversa telefónica com a agência Lusa, o diretor criativo e de produção do FMM, Carlos Seixas, justifica que “a música, neste momento, é um todo, não se divide em escaparates”.
Assumindo que, “este ano, não há muitos grandes nomes” no festival, Carlos Seixas explica que “descobrir novos projetos, novos artistas” foi a opção para a 17.ª edição do FMM. “Há uns anos em que há mais nomes consagrados, outras vezes experimentam-se outras surpresas”, frisa.
Mesmo assim, e ainda que “avesso” a destaques, Carlos Seixas não deixa de nomear os consagrados Salif Keita (Mali), Orlando Julius (Nigéria/Reino Unido) e Toumani (Mali) – todos agendados para o último dia do festival, 25 de julho.
O tempo dos estilos puros acabou, as migrações, o conhecimento sobre o que faz em todo o mundo e as novas experimentações dão um caráter global à chamada world music, de “maneira nenhuma” negativo, assinala. “São os tempos, os novos tempos, a grande contaminação da música. Aquilo que nós consideramos world music deixou de ter sentido desde há uns anos a esta parte. A world music não é um género, engloba todos os géneros”, considera.
Outro dos traços da 17.ª edição do FMM é a presença de mulheres dedicadas à música urbana e contemporânea, como Ana Tijoux (Chile), Eno Williams (Ibibio Sound Machine-Nigéria/Reino Unido), Shivani Ahlowalia (Alo Wala-Estados Unidos/Dinamarca) ou a portuguesa Capicua.
“Aqueles que inovam na música portuguesa” já são presença habitual no festival, entre nomes menos e mais conhecidos, como Janita Salomé e Ricardo Ribeiro. A angolana Aline Frazão, a cabo-verdiana Elida Almeida e a brasileira Dona Onete representam a lusofonia.
Montar mais uma edição do FMM – que, desde 1999, acolheu 385 concertos e 850 mil pessoas – “é sempre difícil”, quer pela altura do ano – “há uma grande procura, são centenas de festivais que se fazem na Europa” –, quer pelas “questões orçamentais”, reconhece Carlos Seixas.
O investimento manteve-se para este ano, embora “com alguma redução nalguns gastos”, e “a qualidade está assegurada”, garante. “Esperemos que venha muita gente, cada vez necessitamos de dias felizes e de festa”, diz o programador.
Para oferecer, o FMM tem quase meia centena de concertos durante nove dias – em Porto Covo até domingo, viajando depois para Sines, até 25 de julho.
Além dos concertos, há várias iniciativas paralelas – as já clássicas oficinas para crianças, as sessões de contos, as conversas com escritores, o ciclo de cinema e algumas novidades - por exemplo, as masterclasses para músicos e estudantes de música, com Ernst Reijseger, Jacky Molard e Hélène Labarrière.
@Lusa
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