"O cartaz não é mais fraco, é diferente", respondeu a Ritmos, organizadora do festival Paredes de Coura, a algumas críticas ao cardápio sonoro deste ano. E de facto a 18ª edição não tem uma oferta tão vasta e ecléctica como a do Optimus Alive!10 nem um trunfo tão forte como Prince no Super Bock Super Rock.

De qualquer forma, a organização garante que as críticas em nada demoveram a corrida ao festival, para muitos o mais indie do país (será mesmo? um olhar pelas propostas dos dois casos acima referidos talvez diga que não). E tal como a maioria das edições anteriores, esta continua a aliar música recomendável a um belo cenário natural (e este, diga-se de passagem, não só se mantém praticamente imbatível como justifica por si só uma visita ao festival).

O rock sempre foi uma das pedras de toque de Paredes de Coura e não faltam nomes veteranos nessas andanças - desde os The Cult, que foram juntando devotos ao longo de quase 30 anos; a Peter Hook, que interpretará na íntegra "Unknown Pleasures", o primeiro álbum dos Joy Division; sem descurar a prata da casa, devidamente representada pelos Mão Morta e o seu "Pesadelo em Peluche" (disco que, como os próprios afirmam, tem resultado cada vez melhor ao vivo).

Outros veteranos, os Specials têm alguma coisa a dizer sobre o ska, um dos géneros que se dá melhor com o Verão, e os Prodigy regressam mais uma vez a Portugal (depois de duas actuações no ano passado) naquele que deverá ser um final em alta para o festival.

Mas há mais, e sobretudo há espaço para a novidade. Os Klaxons, mesmo não sendo estreantes por cá, podem resultar numa das actuações mais frescas do Palco Paredes de Coura (onde são cabeças de cartaz e apresentam o novíssimo segundo álbum, "Surfing the Void", a editar a 23 de Agosto).

Outra das novas promessas britânicas, e esses sim estreantes, os White Lies vão mostrar como resultam num palco as suas canções com óbvia dívida pós-punk.
De tempero mais electrónico, Caribou regressa a Paredes de Coura com um dos discos mais aplaudidos do ano, "Odessa", hábil teia de texturas hipnóticas e intrincadas.

Na vertente girl power, facção indie, as estreias dos Best Coast, Vivian Girls e Dum Dum Girls deverão satisfazer os apetites de quem ruma a Paredes de Coura em busca de alguns hypes do momento. E talvez acertem, sobretudo no caso dos Best Coast, que vão levar ecos dos girl groups - com distorção q.b. - à paisagem minhota.
Também a despoletar algum hype, mas noutros tempos, os Dandy Warhols regressam com um concerto que se espera mais estimulante do que os seus últimos discos. Para quem quiser dançar, os We Have Band ou Los Campesinos! destacam-se entre os nomes mais confiáveis.
E quem procurar outras paragens - por exemplo, punk ou hardcore a meio da tarde - pode ir espreitar os Dias de Raiva, banda que tem como vocalista Carlão, dos Da Weasel. Mais cedo, há novas apostas portuguesas e espanholas no Palco Ibero Sounds ou o já clássico Jazz na Relva.

E depois de ver e ouvir isto tudo em quatro dias de recolhimento minhoto, a ideia do tal "cartaz mais fraco" será provavelmente cada vez mais ténue - ou pelo menos assim se espera para que a entrada do festival na maioridade faça justiça à sua infância e adolescência.

@Gonçalo Sá