A abrir, a ingressão no novo álbum com o tema “Afterglow”. Embora fosse esta a principal razão para o concerto desta noite, o músico sueco andou ainda pelos dois anteriores trabalhos, os mais reconhecidos pelo público que encheu, literalmente, o Grande Auditório do CCB, que havia esgotado muitas semanas antes.

Seguiu-se, também do novo trabalho, “Stories we build, stories we tell”, no final da qual José González agradeceu num perfeito “muito obrigado”. “This is our second show with this new álbum and this a new song”, explicou, antes de entrar nos acordes de “Let it carry you”, do mais recente disco. À quarta, o público reagiu aos primeiros sons de guitarra, e o regresso ao passado fez-se através do trabalho de 2007, “In our nature”, e o tema levava o nome de “Killing for love”. Do mesmo álbum saiu ainda a canção seguinte, homónima, antes de José Gonzalez voltar a “Vestiges...”, quando entoou “What will”.

Nesta altura, a banda – teclas, guitarra e duas percussões – abandonou o palco, deixando González entregue ao público, acompanhado apenas pela sua guitarra. Sozinho, o cantor entregou-se a “Veneer” (2003), cantando “Crosses” e “Hints”, a que se seguiu a cover da canção das The Knife, “Heartbeats” - talvez aquela que mais facilmente leva as pessoas a reconhecer a voz e a música de José González, apesar de não ser um original seu.

A banda retoma o palco e os músicos voltam ao recente trabalho. “This is the first song of our new album”, anuncia González, antes de cantar os versos de “With the ink of a ghost”.
A noite continua calma dentro da sala, apesar dos aplausos entusiastas entre interpretações, e é o silêncio do lado de cá que serve de contrapasso aos músicos em palco. Não há gritos nem ‘shiuus’. Não há declarações de amor nem pedidos de contenção. Há apenas uma onda tranquila e os aplausos emotivos dos milhares que ali se encontram.

“Stay in the shade”, o regresso a "Veneer", e o regresso a “Vestiges...” com mais “one of the new songs”, quando González passa a vez ao teclista que interpreta o tema, secundado por González, que aqui fez de coro.

“This is how we walk in the moon”, uma canção de Arthur Russel gravada para a compilação “Master Mix: Red Hot + Arthur Russel”, procede a cover de “Teardrop”, canção dos Massive Attack que González incluiu no álbum “In our nature”. O tema mais aplaudido da noite serviu de antecipação do final, com González a anunciar: “we’re gonna play two more songs. Thanks for coming.” Foi ao trabalho gravado com os Junip, o homónimo “Junip” (2013), que José foi buscar “Always”, a que se seguiu “Every age” e “Leaf Off/The cave”, ambas de “Vestiges…”.

“Thanks for coming”, repetiu José González antes de abandonar o palco, embora por pouco tempo. O primeiro dos encores abriu com “Cycling Trivialities”, de “In our nature”, a que se seguiu mais uma do álbum de 2013 dos Junip, “Walking lightly”.

O segundo, e último encore, abriu com um comovido González a anunciar: “ok, one more! This one is called “Han on your heart”. “Well, it's one thing to fall in love/ But another to make it last/ I thought that we were just beginning/ And now you say we're in the past”, afirmavam os últimos versos da noite, mais uma cover, desta vez de um tema de Kylie Minogue.. E porque tudo fatalmente tem um fim, a noite tinha encontrado o seu. Um final que convidava a casa, a abraços e a histórias de amor.

Para quem perdeu a oportunidade de ver José González no CCB, o cantor regressa a Portugal no dia 5 de junho, quando atuará no Nos Primavera Sound, no Porto. Não existirão paredes para tornar o ambiente mais acolhedor, mas o mar ali ao lado e o Parque da Cidade serão cenários perfeitos para acolher a música do cantor sueco.

Texto: Helena Ales Pereira
Fotos: Marta Ribeiro