O single de apresentação do disco, "Cedo o meu lugar", depressa ascendeu aos tops de airplay nacionais, sendo que o próprio álbum, apesar de lançado bem no final do ano, conseguiu conquistar um lugar no top 10 dos Melhores Álbuns Nacionais de 2011. Os Mesa não vão, definitivamente, ceder o seu lugar e, com uma nova sonoridade, marcada por ritmos pop energéticos, prometem continuar a dar boa música a Portugal.
Palco Principal - Desde que lançaram o primeiro álbum, “Mesa”, passaram-seoito anos. Que balanço é que fazem deste trajeto? Consideram que conquistaram um lugar sólido na música nacional?
João Pedro Coimbra - Cada vez que fazes um disco, olhas para trás e contemplas o que já fizeste e o que conseguiste. Eu acho que a nossa carreira tem tido um crescimento sustentado. O nosso regresso, por exemplo,surge da nossa vontade artística, mas também quase por uma imposição das pessoas que gostam da nossa música. Deixam-nos mensagens e, quando tocamos ao vivo, sentimos a sua vibração.
PP - “Automático”, o disco que marca o regresso dos Mesa, nas lojas desde o final de novembro, é o quartoálbum da vossa carreira. Pode dizer-se que este vosso reencontro, passados três anos, para compor novas músicas e dar-lhes vida, foi automático?
JPC - Demorei um ano a compor as canções e as letras deste disco, mas o facto de trabalhar com a Mónica há muito tempo torna, a partir daí, o processo muito mais fácil e espontâneo. Quando escrevo as letras, imagino personagens que a Mónica possa encarnar. Com as músicas acontece o mesmo. Gosto de me surpreender e de a surpreender, sendo que nunca fazemos nada que seja desconfortável, tanto para um como para o outro.
PP - Há, entre os vossos álbuns anteriores e “Automático”, ligeiras diferenças. As melodias surgem com um sabor mais pop e as letras aparecem com uma maior carga emotiva. Foi algo propositado ou natural?
JPC - Acho que temos uma linguagem própria que vai sofrendo upgrades a cada disco. Algumas letras deste álbum são, provavelmente, mais diretas. O mais difícil é sempre exprimir sentimentos simples e pessoais. Escrever algumas destas letras foi como escrever uma carta a alguém que nos é querido.
PP - O que vos inspirou durante o processo de composição?
JPC - O que nos inspira é aquilo que vamos ouvindo. Ouvimos de tudo um pouco e isso reflete-se, depois, na nossa música. Em relação às letras, sou, normalmente, inspirado pela música. É esse o processo que utilizo. A música sugere-me um ambiente e uma possível história.
Palco Principal - Cedo o meu lugar entrou de rajada para os tops de airplay das rádios nacionais. Trata-se de um single com uma mensagem forte, que toca no interior das pessoas. Que tipo de feedback vos chegou, por parte do público, relativamente ao single?
Mónica Ferraz - Um feedback maior do que imaginávamos. Claro que as expetativas são sempre grandes, até porque, quando lançamos um novo trabalho, é quase como se fosse o primeiro outra vez. Mas o que nos motiva mesmo é ver que, em curto espaço de tempo, nos concertos de apresentação do "Automático", toda a gente canta, não só Cedo o meu lugar, mas também vários outros temas do disco.
PP - Optaram por encerrar o disco com uma música instrumental. A que se deveu essa escolha?
JPC - É uma espécie de momento chill out,que remata umálbum muito intenso!
PP - Agora vão continuar uma digressão que começou no Hard-Club, no Porto, e que tambémjá passoupor Lisboa. Já sentiam saudades de andar na estrada?
MF - Sim, despois deste gap de três anos, estávamos ansiosos por voltar para a estrada e, especialmente, por mostrar e experimentar os temas novos, que ganham outra dimensão ao vivo.
PP - A meio do vosso percurso, a Mónica Ferraz lançou um projeto a solo. Alguma vez esta decisão colocou os Mesa em risco?
MF - Claro que não! São dois projetos completamente distintos. Um não anula o espaço do oturo. Fazer aquilo que mais gosto, tocar, fazer música, é que é uma prioridade.
PP - Para este álbum contam com duas colaborações - Armando Teixeira (dos Balla) e Filipe Palas (dos Smix Smox Smux). Ambos com projectos distintos, mas bastante sólidos na música portuguesa. Dentro do panorama atual, concordam que a música portuguesa está cada vez mais viva e com melhor oferta?
MF - Estamos muito contentes com estas duas participações, que encaixam maravilhosamente nos temas Teia e Fitas. E sim, a música portuguesa está cada vez mais forte e é cada vez mais apreciada pelo público. O amor e a persistência dos que andam por cá há algum tempo contribuiu muito para isso. Felizmente, os portugueses estão cada vez mais porosos e sensíveis ao que é nosso. Porque a oferta sempre houve.
Ana Cláudia Silva
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