"A ideia surgiu através de duas editoras, a Valentim de Carvalho e a Sony, que acabaram por nos convidar por sermos de áreas distintas, o que poderia tornar este projecto interessante em termos de originalidade", conta Paulo Gouveia (mais conhecido como Gomo) ao SAPO Música, recordando a origem do Movimento.
O quarteto, que editou há poucos dias o seu disco de estreia homónimo, revisita canções emblemáticas da pop e música ligeira nacional das décadas 60 e 70 - interpretadas por Carlos Mendes, Tonicha, Paulo de Carvalho, Simone de Oliveira ou Sheiks -, dando-lhes contornos mais soul, funk e R&B.

Embora conhecessem os artistas, a maioria dos elementos do Movimento não estava familiarizada com as canções que reúne no álbum. "Grande parte do repertório foi uma novidade para mim, mas tentei dar o meu cunho pessoal", esclarece Paulo Gouveia. "Acabámos por dar uma cor a este disco que provavelmente não teria se conhecêssemos bem as músicas", completa.

"Só o facto de cruzar algumas décadas faz com possamos ter nos nossos concertos os pais e os filhos. Os filhos, se calhar, mais militantes da dança e os pais mais militantes da melodia e dos refrães de que ainda se lembram dos festivais da canção ou da rádio que ouviam na altura", salienta Miguel Ângelo.

Além das vozes do ex-vocalista dos Delfins e de Gomo, no disco dos Movimento ouvem-se as de Marta Ren (ex-Sloppy Joe e Bombazines) e Selma Uamusse (WrayGunn). A produção ficou a cargo de Francisco Rebelo (Cool Hipnoise e Orelha Negra) e no colectivo contam-se mais oito músicos. "Somos doze músicos em palco e essa é uma bandeira que gostamos de hastear e mostrar. Tocamos com uma grande banda e vamos andar sempre com ela", avança Marta Ren.

Ao vivo, canções como "Setembro", de Madalena Iglesias; "Verão", de Carlos Mendes; ou "All Around Lisbon", de Thilo’s Combo, vão conviver com clássicos da soul norte-americana. "Estes temas vão ajudar a preencher a duração do concerto para não tocarmos exclusivamente as música do álbum. Temos três ou quatro versões dessas", adianta Miguel Ângelo. Depois da edição do disco, o Movimento tem agora um objectivo claro e ambicioso. "Vamos pôr o pé na estrada e deixar o país a cantar e a dançar", promete Selma Uamusse. Até porque, às vezes, o Verão pode estar à distância de uma canção.

@Gonçalo Sá