The Legendary Tiger Man é o dono do blues alternativo português e destaca-se pela sua capacidade de “multitasking” em palco. Tigerman reúne em si a harmónica, a guitarra e a bateria, com ajuda de múltiplos microfones e pedais de percussão. Estivemos à conversa com ele sobre este verão quente da sua carreira.

SAPO Música (SM) – Durante a digressão nacional para apresentar o seu novo álbum “True” passou por muitos sítios. Qual foi o local onde gostou mais de atuar?
The Legendary Tiger Man (TLTM) – Acho que o concerto no Super Bock Super Rock é um bocadinho incontornável, foi muito especial mesmo. Com arranjos de cordas e sopros feitos pela Rita Redshoes, pelo Filipe Melo e pelo João Cabrita e, todos os convidados que tive em palco também. Este terá que ser o festival a destacar. Depois também gostei muito dos primeiros de lançamento, em Coimbra, no Lux e no Porto. No Porto estava bastante gente e atuei numa sala em que gosto de tocar.

SM – Qual das músicas de “True” se poderia tornar num hit? “Do Come Home”, talvez)?
TLTM – Não sei, não penso muito nisso na realidade. Quando estou a criar as músicas não me preocupo minimamente se será um hit ou não, se vai chegar a muita gente ou não. Quando as coisas estão feitas sim, faço um esforço para que as músicas cheguem a muitas pessoas. Sinto-me muito privilegiado por fazer aquilo de que eu gosto e por ter feito tantas bandas sonoras e a pareceria com a Rita. Musicalmente, conseguimos fazer coisas que nem um nem outro conseguiríamos fazer sozinhos.

SM – E como foi compor com a Rita?
TLTM – O facto de ter pensado em ter cordas e sopros num disco terá logo a ver com influências da Rita. Ainda agora acabámos uma banda sonora de uma curta chamada “Fuligem” que, curiosamente ganhou dois prémios em Vila do Conde, para melhor filme e para prémio do público. Temos feito muita coisa em conjunto e acho que, de certo modo, como a Rita tem um conhecimento mais profundo da música, a nossa linguagem é muito diferente e dessa forma, complementamo-nos. Agora, vamos começar a fazer a banda sonora do novo filme de Rodrigo Areias, que sairá para o ano. É um projeto que nos interessa bastante e que nos deixa muito contentes.

SM – Se pudesse voltar ao início da sua carreira como músico, daria a si próprio algum conselho? Qual e porquê?
TLTM – O principal conselho que daria era não aceitar muitos conselhos. Acho que cada caminho é um caminho e acho que a coisa mais importante é fazermos efetivamente aquilo de que gostamos. Corremos sempre o risco de não acontecer nada ou de que as coisas não funcionem como nós queremos, por exemplo, a nossa arte não chegar às pessoas, que foi um bocadinho o que me aconteceu. Mas quando se está feliz com aquilo que se faz, acaba por dar alguma paz no meio desta montanha russa que é ser músico. Na verdade, muitas das vezes, não é tão glamoroso como as pessoas pensam.

SM – Porque é que acha que se concentram em França a maioria dos seus fãs?
TLTM – Acho que foi uma questão de sorte. Foi o primeiro país europeu, exceptuando Portugal em que tive uma boa editora e alguma promoção. Penso que haja uma grande tradição em França pelo rock & roll e blues, portanto houve uma abertura especial para aquilo que eu faço.

SM – Como foi atuar no NOS Alive e no Super Bock Super Rock? Qual foi a maior diferença entre estes dois festivais?
TLTM – Foram concertos muito diferentes. No ano passado no Alive ainda não estava estabelecido, fui mais um “convidado surpresa”, mas foi o primeiro concerto em que toquei algumas canções que ainda não tinham saído. No Super Bock Super Rock, já tinha alguns convidados. Foi basicamente isso, os convidados e o alinhamento, a maior diferença.

SM – Como é que se sentiu ao tocar “Masters of war” ao lado de Eddie Vedder?
TLTM – Confesso que nunca fui grande fã de Pearl Jam. Mas achei o convite muito generoso e foi totalmente espontâneo. O Eddie Vedder veio ter comigo, depois do meu concerto, disse-me que já tinha ouvido o Femina e algumas coisas da Rita Redshoes e acho que lhe passou repentinamente pela cabeça: “e se tocássemos uma música juntos?”, até que chegamos à “Masters of War”, de Bob Dylan. Para mim foi uma grande honra.

SM – De todos os concertos agendados, qual é aquele em que está mais empolgado em atuar?
TLTM – Agora seguem-se muitos concertos, de facto. Ao Fusing, por exemplo, nunca fui. É um festival com música e arte portuguesa, que acho fundamental e que já começa a ter algum reconhecimento, mas que ainda tem muito espaço para crescer. O da festa do Avante, acho que é um festival em que o público é muito generoso e está muito difusivo. E, no campo internacional, talvez o de Paris, que é um sitio que eu gosto muito e tenho um carinho especial e, ainda, o de Londres. No fundo, este ano acaba por ser interessante, porque nos últimos três meses estou um bocadinho por toda a Europa e América do Sul. Vai ser um ano muito preenchido.

SM – Em relação ao Fusing Culture Experience na Figueira da Foz, está a pensar em utilizar a mesma set list que tocou no SBSR?
TLTM – Não, isso é o grande terror das pessoas que trabalham comigo, eu nunca toco a mesma set list e normalmente, só a decido “à hora de jantar”. Por acaso não foi o caso do Super Bock, que decidimos com cinco dias de antecedência, por causa dos convidados. Eu gosto de fazer o espetáculo sempre um bocadinho diferente de forma a conseguir adaptar ao sítio onde estou.

SM – O que é lhe parece mais diferenciador no Fusing, em relação a outros festivais de verão?
TLTM – Acho que a localização é muito importante, nesta altura do ano sabe bem, estar junto à praia, a ver os concertos. O facto de ter também atividades ligadas à gastronomia e desporto acho que se torna numa mais valia. Eu já tinha ouvido falar muito bem do festival, nunca fui, mas vários artistas que foram como público, gostaram muito da edição do ano passado.

@Marta Pinto Lobato