Rita Lee foi hospitalizada na passada quinta-feira, dia 23 de fevereiro. A artista brasileira de 75 anos foi diagnosticada com cancro do pulmão em 2021.

Nas redes sociais, o marido da cantora, Roberto de Carvalho, partilhou um pequeno comunicado, sublinhando que a Rita Lee "está bem" e "a recuperar".

"Quero informar que a Rita está bem, se fortalecendo, se recuperando. Sabe-se que sempre existirão exames de monitoria e terapias a serem realizados, que resultarão eventualmente em internamentos, uma vez que se tem que lidar com a doença e os efeitos colaterais dos tratamentos", escreveu.

"Agradecemos o tsunami de amor, carinho e positividade que temos recebido", acrescentou Roberto de Carvalho.

Rita Lee, apelidada de 'rainha do rock brasileiro', é conhecida por temas como "Ovelha Negra", "Mania de Você", "Lança Perfume", "Agora Só Falta Você", "Baila Comigo", "Banho de Espuma", "Desculpe o Auê", "Erva Venenosa", "Amor e Sexo", "Reza", "Menino bonito" , "Flagra" e "Doce vampiro".

Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone destacou a cantora na Lista dos 100 Maiores Artistas da Música Brasileira.

Em 2016, a cantora publicou uma autobiografia onde abordou os excessos, a relação com a família, os tempos da ditadura e a vida em palco. Em Portugal, obra contou com com prefácio de Rui Reininho.

Editado no Brasil em 2016, o livro acompanha o crescimento e envelhecimento de uma das figuras do rock brasileiro, com referências à censura no Brasil, uma passagem pela prisão, a vida na estrada com os Mutantes - um dos maiores grupos de rock psicadélico nascidos no Brasil -, a carreira a solo e o ativismo em defesa dos animais.

"'Uma autobiografia' é a biografia de um Brasil que conhece transformações rapidíssimas, que vê crescer Brasília e os militares repressores no poder, a cornucópia canavalesca e a censura, o talento inato de um povão para a música, o ritmo no improviso, na composição, na cachaça e na champa, no mito e na capoeira, no futebol e no chop!", exclamou Rui Reininho, dos GNR, no prefácio.

Entre as dezenas de curtos episódios relatados, quase sem referências a datas, Rita Lee recorda uma das primeiras passagens por Portugal, quando os Mutantes deram um concerto no Teatro Villaret, em Lisboa, na primeira parte de uma atuação de Edu Lobo.

"A nossa apresentação até que rolou legal, apesar de o público português pensar que éramos argentinos", recordou Rita Lee, acrescentando que no final do concerto cortaram os cabos de eletricidade, boicotando a atuação de Edu Lobo.

No livro, Rita Lee, sem pudores e de forma direta, relata um episódio de violação na infância, fala abertamente do consumo de drogas e do relacionamento duradouro com o companheiro de vida, Roberto Carvalho.

"Não faço a Madalena arrependida com discursinho antidrogas, não me culpo por ter entrado em muitas, eu me orgulho de ter saído de todas. Reconheço que as minhas melhores músicas foram compostas em estado alterado, as piores também", escreve no livro.

Ao sabor da memória, a artista escreve que "o altar do palco é viciante, o lugar mais seguro para se viver perigosamente", admite ser muito autocrítica em relação ao talento vocal, mas recorda o dia em que João Gilberto lhe disse que a voz dela era "bossanoveira".

No final, a autora até imagina o que vai acontecer quando morrer - "nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório" - e deixa o seu próprio epitáfio: "Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa".