Ontem e hoje o ex-baixista dos Pink Floyd está em Lisboa com um espectáculo baseado no álbum "The Wall", que editou em 1979 com a sua banda.
O elogio ao começo da digressão em Lisboa aconteceu meia hora depois de Roger Waters ter dado início ao concerto, com um grande aparato cénico e pirotécnico em palco.
Tocou, por exemplo, "In the Flesh" e "Another Brick in the Wall Part I", com um coro de crianças da Cova da Moura (Amadora), enquanto uma marioneta gigante se empoleirava no muro que estava erguido nas laterais do palco.
Ouviram-se sons de tiros, de helicópteros, foram projectadas imagens de vítimas de guerra, civis e crianças, de agora e da Segunda Guerra Mundial.
Nos emblemáticos solos de guitarra eléctrica, que atravessam o álbum e o concerto, na plateia houve quem aplaudisse, quem tentasse reproduzir os acordes, dedilhando uma guitarra imaginária, de olhos fechados e concentrado, e quem tentasse registar tudo com telemóvel e máquina fotográfica.
Passado uma hora, discretamente, o público deu conta que um muro literalmente separava os espectadores e os músicos e que seria derrubado mais tarde.
De Valado de Frades veio a família Viola, com duas crianças menores, para recordar a música de Roger Waters, que consideram a "alma" dos Pink Floyd.
"A música dele tem uma mensagem que continua actual, de derrubar os muros, sejam religiosos, sejam sociais", disseram à Agência Lusa.
Os quatro bilhetes que dão acesso ao concerto foram comprados há quase um ano e foram caros, disseram, mas as expectativas eram altas para rever o ex-baixista dos Pink Floyd.
Na plateia que encheu o Pavilhão Atlântico, a maioria do público já tinha nascido quando os Pink Floyd editaram em 1979 o álbum conceptual "The Wall".
Mas, além de muitos cabelos brancos e camisolas estampadas com símbolos dos Pink Floyd, também se destacavam muitos adolescentes, alguns a experimentarem pela primeira vez este espectáculo de Roger Waters.
Na segunda parte do espetáculo, foi explorado o potencial de ter um muro fictício erguido no palco, que serviu de tela gigante para a projecção de imagens.
Com elas, o músico experimentou uma espécie de catarse em relação ao passado, ao facto de ter perdido o pai na guerra, e ao mesmo tempo criticou o mundo que permanece em conflito.
Atrás do muro, Roger Waters cantou "Hey You" passando depois para a frente para interpretar um dos momentos da noite: "Confortably Numb", acompanhado pelo público.
Mostrando uma excelente capacidade vocal, Roger Waters levou o espectáculo quase ao nível de uma encenação sinfónica, interpretando "Goodbye Cruel World", "Bring the Boys Back Home" ou "Run Like Hell".
No fim o muro foi derrubado.
"Há trinta anos, quando fiz este disco, estava zangado com o mundo e com o público. Hoje não podia ser o 'hombre' mais feliz por estar aqui. Muito obrigado", disse no final.
Não houve espaço para "encores", mas Roger Waters repete o espectáculo na terça-feira.
@Lusa
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