No próximo sábado, estreia-se nos palcos nacionais com um concerto no Frágil, em Lisboa, onde irá apresentar, num espetáculo intimista,o seu último trabalho de originais, "Gallantry's Favorite Son",merecedor dosmais rasgados elogios da crítica e público.Senhoras e senhores, Scott Matthew - Scotty para os amigos.

Palco Principal - Alguma vez visitou Portugal?

Scott Matthew - Curiosamente, não. Esta será a primeira vez.

PP - O que tem mais curiosidade em visitar na sua passagem por Lisboa?

SM - Contaram-me que as pessoas são acolhedoras, boas apreciadoras de música. Também me falaram da beleza da cidade. Na verdade, estou muito contente e sinto-me honrado por ter a oportunidade de ir até Lisboa. Tenho feito algumas digressões pela Europa, mas, por várias razões, Lisboa vai ser uma experiência única.

PP - O seu nome ganhou mais visibilidade em Portugal, após a sua participação no tema Terrible Dawn, de Rodrigo Leão. Como surgiu esta parceria?

SM - A participação em Terrible Dawn surgiu a convite do próprio Rodrigo Leão. Depois de me ter inteirado sobre o seu trabalho, nomeadamente sobre as suas colaborações com outros cantores, aceitei o convite com entusiasmo. Quando ouvi um excerto de Terrible Dawn, fiquei ainda mais convencido de que tinha tomado uma boa decisão. Que arranjo musical tão lindo para gravar! Embora eu estivesse um pouco nervoso, a bondade de Rodrigo Leão colocou-me à vontade.

PP - Como encara este tipo de parcerias? Considera-as uma mais-valia para o trabalho dos artistas em geral?

SM - Absolutamente, embora eu ache que não é habitual conseguir encontrar-se um colega para colaboraçãoque tenhauma visão semelhante à nossa, fazendo com que a parceria funcione. Esse é um dos motivos pelo qual eu não faço isto com muita frequência. Estabelecer uma parceria é um grande desafio, especialmente para mim, que sou autor e escrevo sozinho as minhas canções há muitos anos. Mas é bom, de vez em quando, ser menos auto centrado e mais aberto a este tipo de iniciativas.

PP - Não conseguiu estar presente fisicamente nos concertos de apresentação do mais recente disco de Rodrigo Leão, mas fez questão de enviar um vídeo seu, para ser exibido durante os espetáculos...

SM - Estava na Alemanha em digressão, precisamente em Berlim,quando gravei a música e filmei esse vídeo para o Rodrigo. Ainda não o conheci pessoalmente, portanto. Mas sinto e sei que ele é um homem muito gentil e extremamente talentoso.

PP- Está familiarizado com o trabalho de mais algum músico português, além de Rodrigo Leão?

SM - Eu peço imensa desculpa, mas o meu conhecimento sobre música em geral é bastante limitado.

PP - Já conta com seis álbuns editados, entre os quais a banda sonora do filme "Shortbus". E todos editados a nível mundial! Como encara a internacionalização, nos dias que correm?

SM - Como um desafio, na medida em que é complicado encontrar uma forma de estar fisicamente em todos esses lugares.Mas euadoro fazer digressões e estou sempre a tentar encontrar várias maneiras de poder ir a novos locais, como é agora o caso de Lisboa. E tenho tido muita sorte. Ao longo destes últimos cinco anos, tenho conseguido viajar muito e sempre para lugares que nunca pensei conhecer, e que são muito bonitos.

PP - Os críticos não pouparam elogios ao seu mais recente trabalho, "Gallantry's Favorite Son", editado no ano passado. "Espantoso", "Incrível", "Hipnótico" foram alguns dos adjetivos usados para o descrever. Concorda com eles?

SM - Eu fico sempre um pouco desconfortável quando tenho que elogiar o meu próprio trabalho... Este álbum foi particularmente difícil de fazer. Tivemos o tempo e o orçamento a limitar-nos - o que não é necessariamente mau. Pode ser, inclusive, uma benção, uma forma de se manter a música espontânea e pura. Eu diria que estou muito orgulhosocom oque realizámos.

PP - E o público, como tem reagido à sua apresentação?

SM - A julgar pela digressão que fizemos no ano passado, que durou três meses, eu diria que o feedback foi muito positivo. Tivemos algumas das mais belas apresentações de sempre nessa digressão.

PP - Há algum país onde se sinta especialmente acarinhado? Onde a receçãoao seu trabalho seja mais efusiva?

SM - Sempre fomos muito bem recebidos na Áustria e na Alemanha. Nunca analisei o motivo dessa enorme recetividade, limito-me a agradecer-lhes muito e a sentir-me muito grato por isso. Em Espanha também fomos sempre muito bem recebidos. Parece que na Europa há, no geral, uma maior valorização do romantismo, do sentimento. E esses são, sem dúvida, os meus temas favoritos.

PP - O que se segue na sua carreira, terminadas as apresentações ao vivo de "Gallantry's Favorite Son"?

SM - Ando a trabalhar, lentamente, num álbum de covers, que espero começar a gravar ainda este ano. Sempre tocámos algumas covers ao vivo e chegou a altura de compilá-las num álbum.

PP - No próximo dia 19, pisa, pela primeira vez, um palco em Portugal. O que podem os portugueses esperar do seu espetáculo?

SM - Em Portugal, vou tocar sozinho, por isso podem contar com algo bastante íntimo. Vou tocar ukelele e guitarra clássica. E na playlist deverão constar três temas de cada um dos meus discos. E algumas covers também...

Ana Cláudia Silva