“Consegui provar que há um subcampo de rock alternativo em Portugal”, disse à agência Lusa a socióloga Paula Guerra, docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Paula Guerra deu como exemplo que 17 por cento dos participantes nos festivais de Paredes de Coura e do Sudoeste que inquiriu “definiram-se como alternativos e indie”.
A tese “A instável leveza do rock – Géneros, dinâmica e consolidação do rock alternativo em Portugal de 1980 a 2010”, defendida em 28 de Janeiro, demorou seis anos a ser construída e envolveu “209 entrevistas de profundidade, das quais 11 são histórias de vida de músicos marcantes”.
Rui Reininho, Alexandre Soares, Adolfo Luxúria Canibal, João Peste, Xana e Pedro Ayres Magalhães foram alguns dos escolhidos para as histórias de vida, que constituem um dos sete capítulos da tese, que tem um total de 1500 páginas.
Paula Guerra referiu que utilizou na tese, orientada por Augusto Santos Silva, a teoria dos campos de Pierre Bourdieu, tendo a metodologia que utilizou permitido fazer o recorte deste subcampo, ao entrevistar e inquirir todos os agentes importantes nas vertentes da produção, divulgação e consumo de rock alternativo.
O trabalho seguiu, paralelamente, “uma lógica diacrónica e sincrónica”, tendo envolvido uma profunda recolha de informação documental sobre o rock dos últimos 30 anos em Portugal.
Entre 2005 e 2009, a investigadora frequentou a maioria dos festivais de música do país, onde fez registos etnográficos e estudou 19 espaços de Lisboa e Porto utilizados para concertos de rock.
Paula Guerra afirmou que na última década, principalmente a partir de 2007, se assistiu a um grande crescimento do número de concertos em Portugal, que passaram a ser a principal fonte de receita dos músicos, após a queda das vendas de discos.
Apesar de Paredes de Coura ter sido a principal referência entre os festivais de rock alternativo, a investigadora referiu que a concorrência aumentou a partir do momento em que os grandes festivais se aperceberam de que este estilo representava um nicho de mercado importante.
Depois da tese, que deverá ser publicada em quatro livros, Paula Guerra vai continuar a investigar nesta área, tendo apresentado uma candidatura à Fundação para a Ciência e Tecnologia para um estudo sobre o punk.
@SAPO/Lusa
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