Os dois músicos, em entrevista à agência Lusa, falam ainda das adversidades de ter um projeto musical deste género no distrito de Bragança: é mais difícil encontrar público para a sua expressão numa zona "interior e envelhecida", e maiores os custos e as "barreiras geográficas" para chegarem ao seu público.
O 'single' de apresentação, que dá nome ao seu mais recente trabalho, "Blues For The People", já está disponível nas plataformas digitais. A música aborda “o entrosamento entre pessoas, principalmente jovens”, explica Tiago Esteves, guitarrista e vocalista.
"Blues For The People" é o segundo longa duração da banda transmontana. Depois do primeiro EP, em 2016, "The Gambler", e de "Back on Track", de 2019, este novo disco é “recheado de 'riffs' de blues e de letras irreverentes”, revelam os Dan’s Revival.
“Este álbum será o nosso mais elaborado musicalmente, ainda que seja muito minimalista porque é algo inerente a uma bateria, uma guitarra e uma voz. Mas penso que mostramos um lado mais adulto”, disse à Lusa Tiago Esteves.
Pedro Esteves, baterista, acrescenta: “Este disco carrega o rock’n’roll de 'Back on Track' mas também a melancolia que passámos durante a pandemia”.
Os dois músicos prometem uma “sonoridade diferente” dos trabalhos anteriores, com várias influências musicais, que incluem, por exemplo, o rock psicadélico dos anos de 1960-1970.
Dan’s Revival é um projeto musical começado em 2014 pelos irmãos Pedro e Tiago Esteves, atualmente com 23 e 28 anos, respetivamente. “Ambos, ainda que em fases diferentes, estávamos a aprender os nossos instrumentos. Foi um processo natural”, explicou à Lusa Tiago Esteves.
Apesar dessa “simplicidade inerente” à bateria, guitarra e voz, que remete para uma banda de blues, como afirma Pedro Esteves, “na verdade, não é só uma banda de blues”, explica o jovem baterista. Atualmente, consideram-se “livres”, dando muitas vezes “azo ao improviso ao vivo”, reforça Pedro Esteves.
Ter um projeto musical do género no distrito de Bragança, porém, tem mostrado adversidades aos jovens artistas.
“É um tema incontornável falar de como é ter um projeto deste género no interior no país. É mais difícil encontrar um público para estes géneros. É difícil em todo o lado, mais ainda numa zona interior e envelhecida”, considera Tiago Esteves.
O guitarrista acrescenta ainda as "barreiras geográficas” para chegar aos locais com maior oferta de espaços mais 'underground' onde possam tocar. Isso acarreta custos extra.
“Quando vamos tocar a um meio maior, por assim dizer, já partimos em desvantagem, porque já temos uma deslocação maior para chegar. […] É um meio mais alternativo, onde, como em todo os meios da cultura, não circula muito dinheiro. Torna-se mais complicado para nós chegar a alguns pontos do país”, lamenta Tiago Esteves.
Para o parceiro, Pedro Esteves, outra contrariedade é a falta de “relações sociais” com os “influenciadores” do meio, que estão mais longe. Por isso, é mais difícil poder apresentar o projeto.
“Não vamos tomar café ou uma cerveja com um programador e da conversa surge a apresentação do nosso projeto. E isso chama-nos a um concerto, e esse concerto marca-nos outros e, talvez, uma publicação numa editora, conhecer gente de estúdios, ligada à área". Com eles, no interior, nada disso acontece. "Estamos muito isolados”, remata Pedro Esteves.
A apresentação oficial em concerto do álbum "Blues For the People" está marcada para as 21:30 de dia 21 de outubro, no Teatro Municipal de Vila Real.
Comentários