Em 1999 o grupo voltou a reunir-se a convite do então Presidente da República Jorge Sampaio e, desde então, vários foram os momentos em que a caixa de memórias do Trovante foi aberta, como uma herança musical que vai passando de mão de pai para filho.
Ontem, um Coliseu dos Recreios com lotação esgotada assistiu a mais um desses momentos, desta vez para celebrar os 35 anos de carreira – em parte saltimbanca – do grupo Trovante.
O concerto teve tudo aquilo a que nos habituámos a viver numa noite passada com os Trovante: uma grande dose de humor, o contar de muitas e boas histórias, o desfilar ininterrupto de clássicos, uma cumplicidade em palco de gente que já viveu bons e maus momentos mas, acima de tudo, uma música que vai beber na poesia dos melhores autores da Língua Portuguesa – Eugénio de Andrade, Mário de Sá Carneiro, Florbela Espanca – para ser orgulhosamente cantada num coro que arrepia cada fibra do corpo.
“Não somos espectros ou fantasmas, somos o livro de memórias de nós próprios e de vocês próprios”, disse às tantas Luís Represas. Porque é disso mesmo que se trata. De voltar a um tempo de crescimento e de descoberta musical, a uma parte das nossas vidas onde a palavra e a música se tornaram para sempre algo de muito sério e vital para a nossa identidade. E a música do Trovante é algo que merece ser celebrado e cantado. Em coro.
Texto: Pedro Miguel Silva
Fotografias: Pedro Maia
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