Rodolfo Castro nasceu na Argentina, mudou-se para o México há cerca de 15 anos, onde fez carreira como escritor e narrador, e desde 2010 que vive em Portugal, dando a conhecer um pouco da história da América Latina através de contos com uma pitada de fantasia.

No âmbito do Festival Músicas do Mundo de Sines (FMM), na segunda-feira ao final da tarde, miúdos e graúdos juntaram-se no Centro de Artes para ouvi-lo contar histórias sobre a origem do tango, o espírito migratório dos argentinos, certas particularidades do amor no México, o infortúnio de Don Chico que queria voar ou o menino das Caraíbas que via um transatlântico afundar-se no mês de março de cada ano.

Como explicou à agência Lusa depois do espetáculo, ainda com a adrenalina a correr-lhe nas veias, estes contos fazem parte de um espetáculo maior intitulado “América Latina Real e Mágica”, no qual vai explicando o contexto das histórias e criando “um fio condutor” que liga a Argentina ao México, passando por Uruguai, Chile, Bolívia e Colômbia.

Rodolfo Castro terminou a sessão com histórias dedicadas aos mais novos, que se deliciaram com a linguagem e os gestos escolhidos a pensar neles, mas admitiu que teve de se adaptar ao público que encontrou, pois “não fazia ideia de que ia haver crianças”.

Como o FMM de Sines é também o festival das famílias, a câmara municipal desenvolve um programa de iniciativas paralelas aos concertos, que não para mesmo nos dias em que a música se cala nos palcos principais.

Gaspar Matos, coordenador destas atividades, deu o exemplo de um casal com filhos, “que não consegue permanecer tanto tempo num concerto noturno, mas tem mais eventos durante o dia, que começam às 11:00, com os ateliês infantis”.

“A diferença [do FMM] é assumida precisamente aí”, explicou, sublinhando que o objetivo é proporcionar um “contacto salutar com a cultura, obviamente, assente na música, mas que pode também ser feito através da literatura, da narração oral, da pintura, da fotografia, do cinema”.

Mesmo fazendo face, nas palavras de Gaspar Matos, a um “concorrente um bocadinho desleal” - a praia -, existem iniciativas paralelas para todos os gostos.

Hoje ao final da tarde, o Centro de Artes de Sines recebe a escritora Lídia Jorge e na quarta-feira, antes de os concertos voltarem ao castelo, o cantautor Sérgio Godinho apresenta o seu livro de poemas “O sangue por um fio”.

No dia seguinte, o ator são-tomense Ângelo Torres e o mestre de kora guineense José Galissá serão os protagonistas de uma nova sessão de contos, desta vez com raízes africanas.

E estes são apenas alguns destaques entre um programa diário diversificado e gratuito, que só termina no dia 30.

@Lusa