Díaz apresenta seu mais recente álbum, “As Catedrais Silenciadas”, mas também “muitas outras canções fazendo um resumo dos últimos dez anos" de atividade, disse o músico à agência Lusa.

Xavier Díaz partilha o palco do Trindade com as Adufeiras de Salitre, grupo com qual afirmou ter uma “forte cumplicidade” e com quem trabalha há dez anos, “com grande generosidade de parte a parte”.

“De Lisboa esperamos um grande abraço do público à música tradicional galega”, disse, referindo que esta expressão “está melhor que nunca, com muitos novos grupos a surgirem e a interessarem-se”.

Xavier Díaz tem um percurso de cerca de 40 anos iniciado com a gaita-de-foles, e que passou pela investigação dos instrumentos tradicionais galegos e do cancioneiro em várias regiões da Galiza, mas também pelo ensino, com a preocupação de transmitir a tradição a novas gerações.

Nos últimos anos, o músico tem-se centrado na recuperação do património musical galego e na sua preservação, sendo "As Catedrais Silenciadas" "um grito de alerta perante o progressivo despovoamento do rural galego e a consequente perda de identidade".

O disco alerta para o “património imaterial” da música, “as muitas memórias que se perdem com as pessoas, e com elas vai uma partícula da nossa maneira de estar", disse à Lusa.

Neste álbum, que passa por investigação feita em diferentes locais da Galiza, Xavier Díaz e as Adufeiras de Salitre abordam problemas da região de Lugo, em particular, mas também do "património material e imaterial descuidado", assumindo "influências musicais e não musicais".

É o caso da poesia de Xesús Rábade e as referências da escritora e investigadora Carme Toba Trillo, fundadora da Associação para a Defesa do Património Cultural Galego (Apatrigal), que procura resgatar "toda essa herança cultural" galega "vencida polo abandono social e institucional", como escreveu o jornal Nós - Diário, da Galiza, quando da edição do álbum.

“As Catedrais Silenciadas” (2020) constituem o último título de uma trilogia com as Adufeiras de Salitre, iniciada em 2015 com "The Tambourine Man", que esteve entre os 'dez melhores' da lista das Músicas do Mundo - Europa, a que se sucedeu "Noró", em 2018.

O músico adiantou à Lusa que o próximo projeto discográfico, a sair em 2024, incluirá, ao lado dos instrumentos tradicionais como a sanfona e os adufes, guitarra elétrica e baixos.

O espetáculo de Xavier Díaz e as Adufeiras de Salitre faz parte do ciclo "Músicas do Mundo", uma parceria da Fundação Inatel/Teatro da Trindade com o Festival de Músicas do Mundo de Sines.