"Posso juntar-me à Marvel, por favor?", insistiu Olivia Colman com a sua agente depois das estreias de aventuras cinematográficas do Homem de Ferro, Capitão América, Thor e outros super-heróis da editora norte-americana.
Esse desejo antigo foi partilhado pela própria na conferência de imprensa virtual da minissérie que finalmente o concretiza, já na Fase Cinco do MCU. "Ou ela se cansou das minhas chamadas ou aconteceu mesmo", acrescenta a oscarizada atriz britânica. "A qualquer menção da palavra Marvel, eu respondia 'Sim, por favor'".
"Invasão Secreta", que tem outras caras novas nestes meandros, estreia-se esta quarta-feira, 21 de junho, no Disney+, plataforma na qual contará com um novo episódio durante as próximas semanas. Criada por Kyle Bradstreet (produtor de "Mr. Robot") e realizada por Ali Selim ("In Treatment", "Condor"), "foi uma experiência incrível" que "correspondeu a tudo" o que Colman esperava.
Se para alguns será surpreendente ver no elenco um nome que até aqui tinha andado afastado de sagas de super-heróis, esta nova aposta nem anda assim tão longe de outra minissérie que vincou o início da fase áurea da carreira da britânica: "O Gerente da Noite" (2016), também ela uma história de espionagem, ainda que mais devedora da escola 007 do que de invasões extraterrestres.
A personagem de Colman no MCU, no entanto, quase podia ser cúmplice ou antagonista de James Bond. Agente reputada do MI6 que não parece olhar a meios para atingir os fins, Sonya Falsworth "gosta de se vestir de vermelho, é engraçada e, às vezes, pode não ser muito simpática", descreve a atriz de "A Favorita" (2018) ou "A Filha Perdida" (2021).
Esta figura misteriosa e altamente competente é uma das que se cruzam no caminho de Nick Fury (Samuel L. Jackson), um dos nomes de proa da S.H.I.E.L.D. cuja primeira aparição nos ecrãs remonta ao filme inaugural do MCU, "Homem de Ferro" (2008).
"Não são propriamente amigos, mas têm um passado", avança Colman. "Confiam um no outro, acho eu, quer dizer, diria que sim. Ou talvez não", avisa entre risos.
"Não acho que seja só uma história do Nick Fury"
Nick Fury, que assume pela primeira vez o papel protagonista, surge "um pouco cansado, um pouco vulnerável", assinala Samuel L. Jackson. E talvez longe da sua melhor forma, como sugerem alguns conhecidos com os quais se vai encontrando, apesar de ter nestes seis episódios um dos seus maiores desafios: travar um ataque dos Skrulls, os alienígenas transmorfos que se refugiaram na Terra em "Capitão Marvel" (filme que convém espreitar antes de ver "Invasão Secreta").
"Não acho que seja só uma história do Nick Fury, temos todas estas outras pessoas interessantes", diz o ator norte-americano. Pessoas como G'iah, rebelde Skrull interpretada por Emilia Clarke (atriz a especializar-se em sagas de culto depois de "A Guerra dos Tronos", "Exterminador: Genisys" ou "Han Solo: Uma História de Star Wars"), ou o antagonista Gravik, papel entregue a Kingsley Ben-Adir ("High Fidelity", "Uma Noite em Miami..."), além da personagem de Colman.
Já entre os rostos familiares deste universo estão Talos, o Skrull aliado de Fury, a cargo de Ben Mendelsohn; a agente da S.H.I.E.L.D. Maria Hill, encarnada por Cobie Smulders; ou James "Rhodey" Rhodes, que Don Cheadle retoma numa faceta mais burocrática depois de missões enquanto Máquina de Guerra ao lado do Homem de Ferro e dos Vingadores.
Embora se inspire na saga homónima da BD, "Invasão Secreta" chega ao Disney+ numa versão substancialmente diferente. Se a original era dominada por super-heróis, muitos com a identidade roubada pelos Skrulls, a adaptação do MCU é "mais negra e crua", salienta Kevin Feige, presidente da Marvel Studios. "Adoramos experimentar géneros diferentes e aqui tentámos voltar a elementos que abordámos em 'Capitão América: O Soldado do Inverno', com o tom de uma série de espionagem", explica.
Esse tom sombrio, no entanto, não deixa completamente de fora o humor associado à maioria dos filmes e séries do MCU. Mesmo que em alguns casos também possa ser mais negro... e britânico, cortesia de Sonya via Colman, desde já um dos melhores motivos para ir seguindo este novo conflito.
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