A edição deste ano arrancou na quarta-feira, dia 28 de junho, e conta com 16 participantes, de várias gerações, uns mais conhecidos do que outros, que fazem cinema, televisão e teatro sobretudo em Portugal, e que se darão a conhecer e ao seu trabalho a vários diretores de casting.

Em conversa com o SAPO Mag, Patrícia Vasconcelos assume que é "um desafio" realizar anualmente o projeto, especialmente devido à faltaa de apoios. O programa tem financiamento do Fundo de Fomento Cultural e da Fundação GDA e conta com parceria da Academia Portuguesa de Cinema, mas o sem ajudas do Turismo de Portugal.

"Fazer omeletes com poucos ovos... pode dar certo uma, duas, três, quatro ou cinco vezes. Mas chega uma altura em que é muito desgastante ter de andar a convencer que é um projeto importante. É sempre pouco dinheiro e, portanto, esse é sempre um desafio que, infelizmente, ainda persiste", frisa a diretora portuguesa de castings, levantando dúvidas sobre a próxima edição, em 2024.

Patrícia Vasconcelos

Apesar das dificuldades, o Passaporte tem dado frutos e Patrícia Vasconcelos pretende levar o projeto para fora de Lisboa. "Muito provavelmente vou fazer uma edição especial a norte", adianta, em exclusivo ao SAPO Mag.

"Há coisas muito boas. Temos cada vez mais diretores de casting a quererem vir e temos mais candidatos interessados. Este ano, ultrapassámos as 200 candidaturas", destaca.

O processo de seleção dos atores é realizado por um conjunto de jurados internacionais, que analisam as várias candidaturas. Entre os selecionados estão as atrizes Ana Sofia Martins, Bárbara Branco, Joana Santos, Beatriz Godinho, Carlota Crespo, Ema Sofia Fonseca, Joana Santos, Leonor Vasconcelos, Mariana Cardoso e Raquel Rocha Vieira. A elas juntam-se Virgílio Castelo, Rui Maria Pego, Nuno Nolasco, José Condessa, Filipe Cates, David Medeiros e Ângelo Rodrigues.

Este ano, cerca de vinte diretores de casting e agentes internacionais, sobretudo de França, Reino Unido e Estados Unidos, juntaram-se ao Passaporte, não só para procurar talentos, mas também para participarem em alguns worskops e para falarem deste mercado.

Destaque para a presença da premiada diretora de casting Nina Gold, cujo currículo inclui o último filme da série “Indiana Jones”, três da saga “Guerra das Estrelas”, as séries “Guerra dos Tronos”, “The Crown” e “Chernobyl”. Kate Rhodes James, que fez seleção de elencos para a série “House of the Dragon” e que está atualmente a trabalhar para o filme “Gladiador 2”, de Ridley Scott, Debbie McWilliams, que escolheu o elenco de 13 filmes James Bond, e Marcela Altberg, responsável pelo departamento de casting na Amazon Studios Brasil, também marcaram presença.

 "O Passaporte não pode ser tudo. O Passaporte foi importante e talvez tenha aparecido na altura certa porque foi num culminar, numa abertura do mercado internacional. A indústria ficou desperta e à procura de talento à volta do mundo. Não inventei a pólvora, só tive uma ideia que funcionou e porque temos, de facto, atores inacreditáveis em Portugal e temos facilidade em falar línguas. O Passaporte fez com que olhassem para Portugal de uma forma diferente", sublinha a criadora do projeto em conversa com o SAPO Mag.

Para a diretora portuguesa de castings, o Passaporte é só uma das formas de chegar ao mercado internacional, lembrando que João Didelet e Ricardo Carriço não participaram no projeto, mas que vão entrar no elenco da quarta – e última – temporada da série televisiva “Jack Ryan”, da Amazon Prime Video. "O que interessa é que o mercado abriu e o Passaporte não pode ser tudo. Não pode ser: 'Não fui escolhido para o Passaporte, não me vai acontecer nada na vida'. É só um dos veículos que te pode ajudar a abrir as portas internacionalmente, mas não é o único", lembra.

"Cada vez que há um caso de sucesso fico muito feliz. Por exemplo, no ano passado, o Lucas Dutra saiu do meeting e já tinha um convite para fazer uma self-tape. A Sónia Balacó a mesma coisa - candidatou-se umas seis vezes e só à sexta vez é que foi selecionada. Isso é um exemplo para não desistirem. Não ser selecionado, não significa que se é rejeitado", sublinha Patrícia Vasconcelos, lembrando que vários candidatos que não participaram no Passaporte ficaram "no radar" dos diretores de casting.