Foi em dia feriado que nos foi tirado, mas que não deve ser esquecido por ser o dia de relembrar quem já partiu, que aconteceu a primeira edição do festival Hip-Hop All Stars, no Coliseu dos Recreios.

Um dia certamente memorável na história do Hip-Hop. Não falamos aqui daquele rap típico americano com carros quitados, bling-bling e corpos femininos em trajes menores, esta noite foi dedicada apenas ao “hip-hop tuga”, que sendo “tuga” não exibe os milhões do americano, mas é do chão que se começa e esta foi só a primeira edição.

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Como já se sabe, as grandes lições de vida é na rua que se aprendem (mas não é preciso faltar às aulas para isso, basta não ficar em casa). É das ruas que o hip-hop nasce, conta-nos histórias sentidas de vivências espalhadas pelo centro, norte e sul de Portugal, pois o nosso rap já se alastrou por todo o país, só ainda não tem o valor que merece (como grande parte da música portuguesa).

O festival aqueceu com um Dj, que convidava o público a entrar, depois disso não poderiam faltar as battles saudáveis da Liga Knockout, que metem o improviso à prova. Ao longo da noite o apresentador BdJoy, enquanto se tratava da mudança de artista, ia contando um pouco da história do rap. Assim se deu um evento de homenagem ao hip-hop, que está longe de estar morto.

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Microfones aquecidos, entram os senhores da noite. A primeira entrada foi de Dillaz, de voz aparentemente só, mas muito bem acompanhada pelo público que sabia as letras de cor. Não teve muito tempo de antena, mas foi o suficiente para dizer o que queria, mostrou-nos a sua carta escrita ao Sr. Presidente onde pergunta “porque é que não ajuda um idoso, se ele trabalhou mais que você?” Aguardamos resposta.

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De seguida entra Malabá, bem mais acompanhado, entrando em palco com pequenos e graúdos mas também com uma questão “porque é que vocês Djs não tocam o nosso som?”, indignado com a falta de valor que o hip-hop tem no mundo da música onde é esmagado pelo comercial. Devagar se vai ao longe e oprimeiro passo já está dado.

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Sir. Scratch vem a palco cheio de furor, depois de conquistar o coliseu, "local da minha arte”, deixa espaço para Filipe Gonçalves cantar, pois a arte é dele mas a música é de todos e num festival há que saber partilhar.

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Foi então a vez de Prodigio e Nga, que falando em partilha diz que “Deus é de todos”, independentemente de quão complicada é a vida de cada um. Em danças numa luz enfraquecida, contrastada com a energia presente em palco e recebida pelo público.

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É agora a vez do cabeça de cartaz Regula que, mostrando o seu single oficial Gancho, puxou pelo seu som mais íntimo. Como também há baladas no hip-hop, deixou o Coliseu às escuras, iluminado apenas pelas chamas dos isqueiros erguidos no tema Berço D’ouro.

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Para terminar a noite veio Jimmy.P, que chegou do Porto e trouxe companhia. Depois de dizer que há coisas mais importantes que o dinheiro, sendo uma delas a família e de afirmar que, apesar de não ser de Lisboa, se sentia como se estivesse em casa, tratou o próprio público várias vezes por família e ofereceu-lhes uma surpresa. A meio da sua atuação entrou em palco Valete, uma das vozes mais conhecidas no mundo do rap português, que já provou várias vezes que a voz do povo merece ser ouvida. Foi lá apoiar a revolução do hip-hop.

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Quem não ficou em casa sabe que o rap afinal não é só um grupo de revoltados a refilar com tudo, ou um grupo de frustrados que exibe um falso mundo. Quando escrito com emoção, de pobre nada tem e como estes nossos poetas não escrevem palavras caras só para intelectuais, deixam que as suas rimas ricas cheguem a esses e todos os outros. Provam que a vida é a nossa maior riqueza e que essa é de todos nós. Tivemos o hip-hop de Portugal unido numa só noite com a força da mudança e da revolução. Agora só nos resta esperar pela segunda edição.

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